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Vizinha de vítima da gripe suína morre em Diadema
William Cardoso
Do Diário do Grande ABC
25/07/2009 | 08:27
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Vizinha da menina morta em Diadema há uma semana vítima do vírus influenza A (H1N1), uma dona de casa de 56 anos faleceu na madrugada deste sábado, por complicações em um quadro grave de pneumonia. Antes de ser internada no Hospital Mário Covas, em Santo André, na quinta-feira, apresentou sintomas de gripe suína. Resultado de exame que confirmará ou não a contaminação ficará pronto em quatro dias.

Até a noite desta sexta, informações oficiais davam conta de que a dona de casa respondia bem à medicação, apesar da gravidade do caso. A morte ocorreu por volta das 3h, após duas paradas respiratórias. Segundo a família, o corpo deverá ser enterrado neste domingo, no Cemitério Vale da Paz, também em Diadema.

A família se mostra indignada com a situação e questiona o fato de os pacientes apresentarem o mesmo quadro de pneumonia grave e não serem rapidamente tratados com o antiviral (Tamiflu), assim que chegam às unidades de saúde. "Uma semana depois da morte da menina faleceu a minha mãe. Será que vão esperar mais sete dias para tomar alguma providência", pergunta um dos quatro filhos.

Em nota, a Prefeitura de Diadema reiterou que o atendimento prestado à paciente seguiu criteriosamente todo o protocolo médico estabelecido pelo Ministério da Saúde e que está monitorando os familiares da vítima. A Secretaria Municipal de Saúde informou que intensificará as ações educativas de prevenção e esclarecimento sobre a Influenza A (H1N1) na região onde morreram a menina de um ano e seis meses e sua vizinha, que é suspeita de ter contraído gripe suína.

Histórico - Os sintomas começaram no domingo, o que impediu a dona de casa de até mesmo comparecer ao enterro da menina, que morava no sobrado ao lado de onde vivia. Febre alta e dificuldades na respiração levaram a mulher à UBS (Unidade Básica de Saúde) Paineiras na segunda-feira. O médico pediu um exame de sangue e constatou baixa imunidade.

Na terça, a presença de sangue na saliva fez com que procurasse novamente a unidade. O médico que a atendeu disse que o motivo do sangramento era o excesso de tosse.

A situação se agravou na quarta, quando foi ao Quarteirão da Saúde. Pelo relato dos familiares, a médica responsável pelo atendimento disse que a dona de casa estava ótima, com pulmão limpo. Mesmo assim, pediu outra radiografia, que foi feita após inalação. O resultado apontou pneumonia.

Foram receitadas 20 injeções de medicamento à base de penicilina, duas vezes ao dia. A primeira dose foi dada na mesma noite, na UBS Paineiras. No dia seguinte, quando retornaram para a segunda aplicação, o médico solicitou nova radiografia, que mostrou derrame pleural, característico de uma pneumonia grave. Segundo os familiares, só então o fato de morar ao lado da primeira vítima fatal de gripe suína na região foi considerado relevante.

A dona de casa foi levada ao Quarteirão da Saúde. Ficou em uma sala com uma garota com síndrome de Down, também suspeita de ter contraído o H1N1. Durante a noite, foi transferida para o Mário Covas, onde chegou às 22h10. O filho afirma que ficaram quatro horas no hospital à espera de um leito, que só teria sido disponibilizado depois de muita pressão, inclusive sendo solicitada a presença da Polícia Militar.

A moradora de Diadema foi tratada como vítima de pneumonia. Um exame para a constatação ou não do H1N1 já foi solicitado, mas o resultado sairá apenas nos próximos três ou quatro dias. O estado da paciente preocupava o marido, Arnaldo Morato, 51 anos. Visitado pela reportagem do Diário na tarde desta sexta, ele lamentava o atendimento prestado pelas autoridades sanitárias do município. "Ignoraram a morte da nossa vizinha durante todo o tempo", disse.

Na sexta, moradores da rua onde a menina e a dona de casa moravam reclamaram da falta de orientação adequada, porque todos tinham contato tanto com ambas.

Questionada na noite de ontem, a Prefeitura de Diadema disse que a paciente foi acompanhada pelos serviços de Saúde desde o dia 20, com atendimento médico adequado, exames e prescrição de medicamentos. Assim que surgiu a suspeita de H1N1, encaminhou-se a dona de casa à unidade de referência da região. A família discorda da informação.

Em relação aos moradores, a Prefeitura afirmou que tinha feito "busca ativa" por pessoas que tiveram contato com a criança, e que todos estavam sendo monitorados. A informação é contestada por todos os que vivem no local.




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