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Por passatempo, ex-mecânico vira artista do gesso
Samir Siviero
Da Sucursal de São Caetano
08/12/2001 | 18:02
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O restauro de peças em gesso não é um trabalho comum no Grande ABC, mas o aposentado Élio Francisco Salvadori, 65 anos, é uma exceção. Ele é um mecânico de manutenção que se transformou em restaurador de pequenas peças por passatempo. Ao lado de sua loja de artigos religiosos, na rua Alegre, no bairro Barcelona, em São Caetano, Salvadori montou sua oficina e há 20 anos começou a arrumar suas próprias peças. Hoje, tem pedidos de clientes de toda a região.

O passatempo, como define Salvadori, passou a fazer parte da vida do aposentado quando ele assumiu a loja de artigos religiosos. Como ficava ocioso e tinha dificuldade para restaurar as imagens que quebravam, Salvadori começou a fazer pequenos reparos nas imagens, até que não precisou mais levar as estátuas até São Paulo, no único restaurador que conhecia.

“Hoje isso se tornou um lazer e me ajuda no orçamento, porque salário de aposentado não dá para fazer muita coisa. Como gastava mais para levar as imagens do que para comprar outra nova, comecei a restaurá-las, até por curiosidade, e assim estou até hoje”, disse Salvadori.

Financeiramente o trabalho não compensa, segundo Salvadori. Em geral uma imagem nova em gesso custa cerca de R$ 10, mas mesmo assim alguns clientes preferem recuperar a antiga. “Mesmo sendo mais fácil comprar uma peça nova, a maioria das pessoas prefere restaurar por causa do valor sentimental, por estar há muitos anos com a família, e outras justificativas deste tipo.”

O aposentado disse já ter tido clientes até de Minas Gerais, além de algumas igrejas da região. “Fiz alguns trabalhos para igrejas, pronto-socorro, mas a maioria são pessoas que ficam sabendo do meu trabalho por clientes que me procuraram, porque não faço propaganda nenhuma”, afirmou.

Salvadori restaura cerca de 30 imagens por mês e, atualmente, tem 20 peças na fila de espera. Mas ele ressalta que não quer mais trabalho do que isso. “Tenho serviço que não acaba mais e isso é mais um passatempo mesmo, porque, por mês, acho que esse trabalho me rende uns R$ 200. Acho que por isso não conheço mais ninguém que faça esse restauro; o único louco que faz isso sou eu mesmo.”

O artista disse que aprendeu na prática a trabalhar com as imagens de gesso. “O que tem de ter é paciência para as peças ficarem no tamanho certo, porque não tem segredo nenhum. Nunca fiz nenhum curso, e até sou meio daltônico, sabe? Às vezes fica meio difícil acertar a cor certa.”

Mesmo com a dificuldade visual, Salvadori disse que até o momento nenhum cliente reclamou do seu trabalho. “No fundo é uma forma de arrumar no que pensar, porque se eu fosse me preocupar com o Palmeiras, acho que ficaria estressado”, disse Salvadori.




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