Setecidades Titulo
Castelinho começa a ser restaurado nesta segunda
Sucena Shkrada Resk
Do Diário do Grande ABC
31/07/2004 | 19:00
Compartilhar notícia


O principal patrimônio histórico residencial de Paranapiacaba – o Museu Castelinho – começa a ser restaurado a partir de segunda-feira e só deverá ser reaberto à visitação em dezembro. A obra vai custar US$ 100 mil, valor patrocinado pela organização norte-americana World Monuments Fund. A obra trará algumas novidades ao público, como a reativação das seis antigas lareiras datadas da época da construção do prédio, em 1897, e a realização de exposições itinerantes. Com a reinauguração, a visitação passará a ser cobrada. Segundo a diretora do Departamento de Paranapiacaba, Silvia Regina Costa, o ingresso terá o “valor simbólico” de R$ 1.

O Castelinho é um prédio em estilo vitoriano inglês, com 11 ambientes no piso térreo e cinco no andar superior, que serviu como residência para os engenheiros-chefes da vila, nos períodos da São Paulo Railway até 1946 e, posteriormente, para os funcionários da Estrada de Ferro Santos Jundiaí. Sua posição estratégica na colina tinha a proposta de facilitar o controle do funcionamento técnico da estação, ao mesmo tempo que permitia a vista panorâmica das residências dos trabalhadores.

Ocupação – “Nas décadas de 1950 e 1960, o engenheiro Floriano Campolino de Rezende Camargo deve ter sido um dos últimos a morar lá. Nesse período, houve algumas modificações no prédio, como alteração de cômodos e eliminação de paredes, mas até hoje a parte externa é fiel à planta”, explica o arquiteto Walter Menezes, responsável pelo projeto de restauro do prédio.

Na década de 70, segundo o arquiteto, o bispo da Diocese de Santo André, Dom Jorge Marcos de Oliveira, morou no Castelinho. “A partir da saída dele, não se tem mais registros de quem morou lá. Em 1986, a RFFSA (Rede Ferroviária Federal) transformou o imóvel em museu e em 2002, tornou-se patrimônio da Prefeitura de Santo André, que comprou a vila.

Tombamento – O Castelinho é tombado pelo Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico e Paisagístico de Santo André, pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo e pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico Nacional). Isso torna mais rigoroso o seu processo de restauro, para que não seja descaracterizado. A principal fonte de orientação para a obra foram os arquivos da RFFSA, como a planta original da casa.

“Respeitamos o projeto construtivo, que veio na verdade dos EUA (Estados Unidos), com o uso da madeira. Já era despojado para a época, com poucos ornamentos, para atender a uma função de abrigo. A circulação de serviço era independente da área social”, diz Menezes. Outras intervenções no prédio, segundo ele, só vieram a acontecer na década de 50, com as peças de banheiro.

Durante o restauro, a única alteração no prédio será a retirada de um banheiro construído na década de 50 no andar superior. “Vamos conseguir reconstituir a pintura original. Conseguimos identificar oito camadas de pintura até chegar à cor original, uma delas vermelho quase sangue. Nos demais ambientes, colocaremos um tom neutro para ter uma relação harmônica com a casa, próximo ao areia”, conta o arquiteto.

O restauro será executado pela empresa Construções e Engenharia e compreenderá a substituição da infra-estrutura das instalações elétricas e hidráulicas, as tubulações de ferro e PVC. “A casa vai ficar mais iluminada para poder receber exposições”. Serão recuperadas as telhas francesas e toda a parte de madeira dos forros e pisos de pinus. O madeiramento precisa ser tratado porque está deteriorado pela ação do tempo e por fungos. “Também será removida uma série de acréscimos das décadas de 1950 e 1960. Entre eles, armários e portas transformadas em estantes”. Segundo Menezes, com manutenção adequada, a previsão de vida útil do Castelinho restaurado será de mais de 50 anos.

Quem vive em Paranapiacaba já sonha com novas atividades no local. “As lareiras deveriam funcionar com freqüência no prédio e a Subprefeitura de Paranapiacaba e Parque Andreense poderia pedir doações de móveis ingleses, para ambientar um salão de chá de época, em que se contaria histórias pessoais e das casas da vila”, afirma a presidente da entidade SPR-Paranap, Zélia Paralego.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;