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Malabaristas equilibram a vida na palma das mãos
Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
20/06/2015 | 07:07
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Celso Luiz/DGABC


Sob a lona do circo ou pelos semáforos do Grande ABC, o malabarista impressiona o respeitável público de todas as idades. No dia dedicado a ele, hoje, de acordo com a Associação Internacional de Malabarismo, o Diário traz histórias de artistas que atualmente se apresentam na região.

Nos faróis das principais vias de Santo André, é comum ver Francisco Renato Dias Holanda, 32 anos, fazendo malabares utilizando fogo. Os movimentos que impressionam são fruto de treinamento duro, que durou cerca de dois anos.

Nascido em Fortaleza, no Ceará, ele teve infância e adolescência difícil. Para ajudar na renda de casa, começou a trabalhar em empresa que organizava eventos na cidade. Foi quando se inscreveu em curso de malabarismo oferecido por uma instituição. “Nunca tinha pensado em ser malabarista até começar a aprender. Foi muito difícil, porque não tinha muita coordenação, mas com determinação, aproveitei bem a oportunidade. Além disso, aprendi a lavar minha roupa, fazer comida e me virar, o que acabou sendo muito útil na minha vida.”

Aos 19 anos, Holanda colocou uma mochila nas costas e saiu andando da cidade. O plano era chegar ao Rio de Janeiro, onde sonhava viver da sua arte.

Após caminhada de dois dias, embaixo de chuva e dormindo em construções abandonadas, decidiu pegar um ônibus. Para pagar a passagem, vendeu o celular por R$ 100, o que não bancava a ida até o Rio. “O motorista ia me deixar em Sergipe, mas vim quieto dentro do ônibus até o Rio. Quando desci, comecei a fazer meus malabares. Depois, vim para São Paulo tentar a vida.”

Trabalhando com o malabarismo e sem abandonar a produção de eventos, Holanda comprou um imóvel e se casou. Hoje o malabarismo é considerado bico. “vou para as ruas quando preciso fazer algo, por exemplo, saio o dia inteiro e consigo pagar uma viagem para o meu menino por R$ 150. Sou muito grato a essa arte, porque ela me trouxe até aqui”, contou.

DE FAMÍLIA - Para Luciano Onofre, 36, o malabarismo é como respirar. Ele, que nasceu no circo da família, nunca pensou em ter outra profissão. “Faço malabares desde os 12 anos. Meus irmãos e primos são todos malabaristas. Comecei treinando muito e hoje faço o malabarismo tradicional, que é aquele em que são utilizadas bolinhas, clavas, argolas e também o fogo”, explicou.

Ele se apresenta no Stankowich desde 2007 junto com a mulher, que também conheceu no meio. “Ela fazia acrobacias aéreas no circo da minha família. Hoje ela ainda me ajuda nos números, mas agora não muito porque está grávida”, contou.

Ele já tem uma filha de 2 anos e a que está na barriga também é uma menina. A família tem uma casa em São Paulo, porém, passa o ano inteiro viajando, parando só na época do Natal.

Onofre já perdeu a conta de quantas cidades visitou, mas garante que fica em torno de 100. Ele também esteve em países como o Uruguai e a Argentina. “É uma vida difícil. Imagina que dentro de um ônibus você tem toda a sua casa e família e precisa protegê-los. Em alguns momentos faltam água e energia elétrica, mas a gente vai se virando.”

O Circo Stankowich fica na Avenida Ramiro Colleoni, com entrada pela Rua Coronel Fernando Prestes, em Santo André, até o dia 28.  




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