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Exposição mostra lazer de antigamente em S.Caetano
Illenia Negrin
Do Diário do Grande ABC
17/04/2004 | 18:54
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Victoria Lorenzini escolhia a melhor roupa que tinha no armário para ir ao cinema. Sempre de vestido rodado, encobrindo os joelhos. Era o início da década de 30, e ela esperava ansiosa pelo dia em que assistiria na grande tela aos filmes do Carlitos e O Gordo e o Magro. Uma época em que as mulheres pouco saíam de casa.

"Só saía acompanhada, pela minha mãe ou alguma irmã", relembrou Victoria, que hoje tem 85 anos, 75 deles vividos em São Caetano. Na exposição fotográfica organizada pela Fundação Pró-Memória, Lazer e Diversão na São Caetano de Antigamente, ela aparece em uma das 27 fotos em branco-e-preto que compõem a mostra, em frente ao extinto Cine Parque. "Ir ao cinema era uma das melhores opções de diversão da cidade. Era ponto de encontro, as sessões estavam sempre lotadas", contou. Ela conheceu o marido, já falecido, Ricieri Lorenzini numa sala de cinema da qual era proprietário.

Os cinemas, junto com os clubes, eram os principais espaços de lazer freqüentados pelos moradores da cidade, que até o fim dos anos 40 não contava com mais de 50 mil habitantes. "Os cinemas e os clubes sempre estiveram à frente da promoção do lazer em São Caetano. Isso durou até a década de 70, quando os primeiros shoppings da região foram inaugurados", explicou a historiadora Cristina Toledo de Carvalho, responsável pela pesquisa que deu origem à exposição.

A mostra traz registros datados entre 1920 e 1970. Período marcado pelos bailes e carnavais nos salões do São Caetano Esporte Clube e do Grêmio Instrutivo Recreativo Ideal, dos piqueniques, festas juninas e das exibições de filmes ao ar livre pelo Cine Som Publicidade. E, claro, dos campeonatos de futebol de várzea, que mobilizavam a maioria dos adolescentes e adultos apaixonados pelo esporte.

As partidas disputadas no chão de terra batida e demarcada por limites pouco precisos fazem parte das lembranças de José Luís Perrella, 59 anos. Centroavante da equipe América do Sul, ele participou dos campeonatos varzeanos de 1963 a 1970, e lembra de detalhes de rodadas e resultados. "Não houve jovem na minha época que não tenha jogado alguma partida de várzea. Nos anos 60, eram mais de 70 equipes, mas nem todas eram registradas na liga", disse.

Perrela, rodeado de inúmeras fotos das diferentes formações que defenderam o América do Sul, conta que as margens do campo de várzea ficavam lotadas de pessoas que queriam ver os espetáculos de perto. "Num jogo normal, a média era de 500 pessoas. E depois, todo mundo comentava, porque a cidade era pequena e todo mundo ficava sabendo os resultados."

O amigo de mais de 40 anos, Carlos Norberto Loureiro, 60 anos, também passou muitos fins de semana nos campos de várzea, e chegou a ganhar algum dinheiro como jogador. "Mas os bailes nos clubes também eram bem interessantes. Além do mais, era onde se podia encontrar as moças, que quase nunca assistiam às partidas", comentou.

Lazer e Diversão na São Caetano de Antigamente fica em exposição até o dia 30 de maio, no Espaço Verde Chico Mendes, em São Caetano (rua Fernando Simonsen, 566, bairro Cerâmica), de terça-feira a sábado, das 9h às 17h, e aos domingos, das 9h às 12h e das 14 às 17h. A entrada é franca.




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