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Tradição do 'Dia do Pindura' perde fôlego na região
William Cardoso
Do Diário do Grande ABC
12/08/2009 | 07:57
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Celso Luiz/DGABC


A tradição perdeu força e o Dia do Pindura não é mais o mesmo. Com as faculdades de Direito fechadas por causa da gripe suína, bares e restaurantes da região não receberam ontem a incômoda visita de estudantes interessados em dar o calote no 11 de agosto, Dia do Advogado, como manda o costume.

A brincadeira começou nos tempos do Império, quando comerciantes ofereciam de livre e espontânea vontade a refeição a quem se dispusesse a fazer discursos em seus estabelecimentos. Décadas, virou quase uma imposição.

Próxima à Faculdade de Direito de São Bernardo e reduto de bares e restaurantes, a Avenida Kennedy seria o alvo ideal para os futuros advogados aplicarem o pendura. Ontem não foi.

Comerciantes têm justificativas plausíveis para o dia tranquilo. Para a maioria, a tradição está fora de moda. "É uma coisa que perdeu a força, assim como os trotes universitário violentos", afirma o gerente de bar Célio Paiva da Silva.

Para os responsáveis de bares e restaurantes, a suspensão das aulas ajudou a evitar possíveis prejuízos. Profissionais que também celebram seu dia no 11 de agosto, os garçons comemoram igualmente a ausência dos futuros advogados, que não costumavam pagar nem os 10% de gorjeta no Dia do Pindura.

Proprietários de um restaurante no bairro Demarchi, em São Bernardo, pensaram mais rápido que os jovens estudantes de Direito e, após vários anos de calote, decidiram fechar as portas na noite de ontem, por precaução. Em 2008, a confusão foi tamanha que a polícia precisou ser chamada.

Em uma pizzaria em Santo André, o interessado em dar o golpe vê logo na porta um cartaz avisando que a brincadeira não é aceita. A gerente Nádia Didone Amorim chegou a adiar a própria folga à espera dos acadêmicos. "Se avisarem, a gente até pensa em alguma forma de entrar na brincadeira, com algum desconto. O que não pode é avisar que não vai pagar nada depois de comer tudo."

Presidente da Comissão de Resgate da Memória da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil), Fábio Trombetti lembra que a tradição remonta a um tempo romântico, onde a brincadeira poderia resultar no máximo em uma prensa de delegado. "Hoje, porém, acho que a coisa seria mais complicada."




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