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‘Não quis atacar a igreja’, diz transexual
Daniel Macário
Especial para o Diário
10/06/2015 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


Para muitos, uma ofensa contra a religião. Para Viviany Beleboni, 26 anos, uma simples representação das agressões contra o público LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais). Após ser ameaçada por meio de redes sociais, a modelo transexual, que desfilou presa a crucifixo no trio da ONG andreense ABCD’S (Ação Brotar pela Cidadania e Diversidade Sexual) no domingo, na 19ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, garante que sua encenação não tinha o objetivo de atingir ou atacar a religião de ninguém. “Algumas pessoas entenderam de forma errada a simbologia da imagem”, desabafa Viviany.

Transexual desde os 21 anos, Viviany afirma não entender a repercussão de seu ato. “Meu único objetivo era representar o grande número de mortes de homossexuais. A cruz retratava os diversos casos não solucionados de gays assassinados por homofobia. Eu representava o sofrimento dos três rapazes que foram agredidos na Paulista com lâmpadas, da transexual espancada na prisão e, principalmente, o sofrimento que passei quando criança e que muitos ainda passam”, relata a modelo e atriz.

Espírita, Viviany afirma que as pessoas estão usando as religiões para pregar o ódio. “Minha depiladora é evangélica e me ligou dizendo que me ama mesmo assim. Tenho certeza que Deus quer somente o amor ao próximo e na Bíblia diz isso, mas alguns ainda insistem em julgar a vida dos outros de forma agressiva, se escondendo em ensinamentos que, tenho certeza, as igrejas não pregam.”

Presidente da ABCD’S, Marcelo Gil disse que a representação conseguiu atingir seu objetivo. “Tenho certeza que essa encenação ficará marcada. Tudo isso foi um grito de socorro que implora por políticas que visem o grupo LGBT. Precisamos criar no Grande ABC uma coordenadoria voltada para essas pessoas. Com certeza, no dia 5 de julho, quando formos realizar nossa parada gay, em Santo André, iremos trazer novidades a respeito do tema.”

Em vídeo publicado em seu perfil no Facebook, o deputado federal e pastor Marco Feliciano (PSC-SP) afirmou que a encenação foi “uma total falta de respeito.”

Pastor e líder do ministério Vitória em Cristo, Silas Lima Malafaia disse na rede social que a representação foi um desrespeito com a imagem de outras religiões.

Em nota, dom Odilo Pedro Scherer, cardeal arcebispo de São Paulo, disse que a Igreja entende que “quem sofre se sente como Jesus na cruz. Mas é preciso cuidar para não banalizar ou usar de maneira irreverente símbolos religiosos, em respeito à sensibilidade religiosa das pessoas.”

Já a Igreja Universal afirmou “que respeita as pessoas de qualquer crença, raça e orientação sexual e ensina que todos devem fazer o mesmo.”  




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