Setecidades Titulo
Prefeituras e Cetesb
se calam sobre Polo
Renan Fonseca
Do Diário do Grande ABC
21/06/2011 | 07:06
Compartilhar notícia


As prefeituras de Santo André e Mauá não se pronunciaram sobre a ameaça à saúde de 65 mil pessoas que vivem no entorno do Polo Petroquímico, muitas com problemas crônicos de rinite, sinusite, bronquite e mal de Hashimoto, uma disfunção na glândula tireoide. Doenças que podem ser causadas por poluentes emitidos pelas empresas do Polo, conforme mostrado na edição de ontem do Diário.

Sobre o controle na emissão de poluentes pelas empresas químicas, as administrações repassaram o problema para a Companhia Estadual de Tecnologia de Saneamento Ambiental.

Por sua vez, o órgão estadual, que tem como uma de suas obrigações a fiscalização de empresas, não quis tratar do tema. Informou apenas que não tinha tempo para levantar dados sobre níveis de poluentes emitidos nos últimos anos.

Mauá se limitou a informar que três unidades de Saúde atendem os moradores daquela região (nos bairros Sônia Maria, Capuava e Oratório). No lado de Santo André, são duas UBSs, no Capuava e Parque João Ramalho. Nas duas cidades, nenhum acompanhamento específico é realizado nos bairros no entorno do Polo (Capuava, em Santo André; e Sônia Maria e Silvia Maria, em Mauá; e São Rafael, na Capital).

Segundo o site da Cetesb, a qualidade do ar no perímetro do Polo era considerada regular, ontem. O coordenador da Secretaria de Saúde do Sindicato dos Químicos do ABC, José Freire da Silva, apontou que as prefeituras deveriam acompanhar a situação das famílias vizinhas às empresas. Segundo ele, até o momento nenhum funcionário do Polo formalizou denúncia sobre problemas de saúde ligados a contaminações. "Mas não podemos confiar apenas nas informações que as empresas nos fornecem", declarou.

Motivado pelas informações dadas na edição de ontem do Diário, o sindicato anunciou que vai solicitar reunião com o polo para cobrar explicações. "Os funcionários de lá lidam constantemente com químicos prejudiciais à saúde, como o benzeno, que pode provocar leucemia. Porém, as empresas nos garantem que todos usam equipamentos de proteção e periodicamente passam por análises médicas", pontuou.

O coordenador de Saúde comentou ainda sobre a pesquisa da professora e endocrinologista Maria Angela Zaccarelli Marino, da Faculdade de Medicina do ABC, que aponta como causa de doenças a poluição oriunda das empresas do Polo. "As prefeituras deveriam acompanhar de perto as famílias daquela região, fazendo esse tipo de pesquisa", disse Silva.

 

Empresas também se mantêm em silêncio

O diretor executivo da Apolo, associação que representa empresas do Polo Petroquímico, Luis R. Almudi, informou por meio de nota (veja trecho da nota nesse texto), sexta-feira, que não teria como responder aos questionamentos do Diário com relação a possíveis efeitos de emissão de gases do Polo em moradores do entorno, assim como ações para a redução na emissão de poluentes.

A nota informava que as respostas poderiam ser dadas ontem, em encontro pessoal do diretor com o repórter Willian Novaes, autor da reportagem publicada na edição de ontem, e que retrata problemas de saúde que acometem moradores do entorno do Polo, como rinite, sinusite, bronquite e mal de Hashimoto, uma disfunção na glândula tireoide.

Não foi o que aconteceu. A assessoria de imprensa informou à equipe do Diário, por telefone, que as empresas do Polo Petroquímico não iriam se pronunciar. A seguir, trecho da nota assinada pelo diretor Almudi:

Caro Willian,

Conforme nossa conversa por telefone há pouco, reforço que a Apolo, bem como suas associadas, tem total interesse em participar de sua matéria para o jornal Diário do Grande ABC.

Recebemos seu email ontem à noite o qual foi imediatamente direcionado às nossas associadas, para que as mesmas fizessem os levantamentos necessários para a elaboração de uma resposta técnica objetiva, clara e de qualidade.

Porém, devido ao curto prazo que nos foi passado (hoje - sexta-feira -, até 18h), ficamos impossibilitados de consolidar todos os dados necessários para esclarecermos os questionamentos enviados por você.

Pela complexidade do tema, sugerimos que marquemos uma conversa pessoalmente na segunda-feira (dia 20 de junho), permitindo-nos explicar com mais detalhes as ações de âmbito socioambiental da Apolo, bem como os benefícios gerados pelas empresas que representamos, para a região e toda a sociedade de seu entorno.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;