Diferente dos demais municípios do Grande ABC, que em vários pontos têm radares e semáforos eletrônicos equipados com câmeras fotográficas para flagrar irregularidades, Rio Grande da Serra nao tem sequer um semáforo em toda a cidade. Uma luz vermelha que avisa quando o trem está prestes a chegar ou sair da estaçao ferroviária é a única sinalizaçao luminosa que se vê na cidade.

Acostumados com a tranqüilidade do município, que também tem poucas faixas de trânsito, alguns pedestres se atrapalham quando vao a outras cidades. Porém, a maioria dos munícipes acha que, com exceçao do trevo de entrada, nenhum lugar necessita de semáforo, pois o trânsito nao é intenso.

"A cidade é muito pacata e o trânsito acompanha o ritmo. O único lugar em que seria bom ter um semáforo é no trevo de entrada da cidade, onde já aconteceram alguns acidentes graves", diz o motorista de ônibus Osvaldo Gomes de Souza.

Para o cobrador Luiz Henrique Araújo, somente nos finais de semana o trânsito causa maior preocupaçao. "Normalmente a cidade é tranqüila, mas nos sábados e domingos muita gente vai a Paranapiacaba, em Santo André, e passa pelo trevo ou até mesmo por dentro de Rio Grande. Só isso justificaria um semáforo, porque é tudo muito tranqüilo. O tráfego nao é intenso, as pessoas podem atravessar as ruas sossegadas e há pouco risco de batidas."

Como na cidade nao existem semáforos e as faixas de trânsito sao escassas, alguns munícipes reconhecem estranhar quando vao para outros municípios. "Como aqui nao tem semáforo, às vezes a gente esquece e vai atravessando a rua sem olhar quando vamos para outras cidades. Mas acho que nem precisa de semáforo aqui, porque passa pouco carro e nao esperamos muito quando queremos atravessar a rua", conta a dona de casa Vanusa dos Anjos.

Multas - Se comparado a outros municípios do Grande ABC, que chegam a arrecadar milhoes de reais com multas de trânsito anualmente, Rio Grande da Serra ainda nao pode contar com dinheiro a mais no orçamento.

Em janeiro deste ano, a Prefeitura enviou ofício à Secretaria Estadual da Fazenda para receber o dinheiro de multas aplicadas pela Polícia Militar em Rio Grande da Serra. Segundo o diretor de Trânsito do município, José Vieira Faria, o valor que a administraçao tem para receber é de apenas R$ 300. "A diretoria de Trânsito cuida mais das peruas escolares e dos táxis, pois até mesmo os carros apreendidos na cidade vao para o pátio de Ribeirao Pires", afirma Faria.

Diante da tranqüilidade do trânsito na cidade, o diretor garante que nao há projeto de obras ou a colocaçao de semáforos para breve, até porque Rio Grande enfrenta dificuldades financeiras. "Nem que quiséssemos. A situaçao da prefeitura é tao crítica que acho que nao poderíamos fazer nada mesmo."