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Investigador recebeu propina
Luciano Cavenagui
Do Diário do Grande ABC
31/10/2006 | 22:55
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Segundo laudo da perícia técnica do IC (Instituto de Criminalística), o investigador Vitor Ares Gonzales, o Vitão, do 3º DP de São Bernardo, foi o negociador do resgate de Raimundo Laurindo Neto, um dos ladrões acusados do furto de R$ 164,7 milhões do BC (Banco Central) de Fortaleza, em agosto de 2005. De acordo com denúncia, Neto teve de pagar R$ 350 mil ao policial para ser liberado.

Segundo a Secretaria Estadual da Segurança Pública, o laudo da perícia comparou a voz de Gonzales com a do homem que intermediou o resgate do ladrão com o advogado Edson Campos Luziano, que defendia Neto.

Interceptações telefônicas captadas pela PF (Polícia Federal), que investigava o caso, apontaram a conversação entre as partes. A Corregedoria da Polícia Civil abriu inquérito para apurar a participação do investigador. Ele deverá ser indiciado por extorsão mediante seqüestro. Em depoimento prestado, o acusado nega o recebimento da propina.

A extorsão contra Neto é um dos casos envolvendo assaltantes do BC que foram roubados ou seqüestrados por policiais dos Estados de São Paulo e Ceará.

A PF estima que cerca de R$ 50 milhões foram extorquidos. Além de Gonzales, outros dois investigadores do Deic (Departamento de Investigações Contra o Crime Organizado) foram identificados como suspeitos em procedimentos semelhantes.

Neto foi detido em 20 de abril por policiais civis de São Bernardo. Eles não sabiam que os telefones do assaltantes estavam sendo monitorados pela PF na preparação da Operação Facção Toupeira, que levaria para a prisão 47 integrantes do bando, em setembro último.

As escutas mostram que, após ser detido, Neto telefonou para o irmão Jeovan Laurindo da Costa e para a mulher, Liduína Barbosa de Almeida. Ambos foram incumbidos de arrumar o dinheiro para o resgate.

Neto, Costa, Liduína e o advogado foram presos em setembro pela PF. Neto e seu advogado confirmaram à polícia a participação de Gonzalez na obtenção da propina. O dinheiro foi negociado do escritório do advogado, que ficava na rua Marechal Deodoro, no Centro de São Bernardo.

De acordo com as escutas obtidas com autorização da Justiça, o dinheiro foi entregue para um rapaz de terno preto e gravata às 18h na mesma rua, perto do camelódromo Paraguaizinho.

Antes do episódio em São Bernardo, Neto contou que havia sido detido por policiais civis da Capital, quando teve de desembolsar R$ 100 mil para não ser preso.



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