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Paulo Chaves revisto
Sara Saar
Do Diário do Grande ABC
16/04/2010 | 07:00
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Um artista comprometido. Um viajante de diversas paisagens. Um homem solidário a novos talentos. Todos esses formam um único indivíduo, que tem vida e obra documentadas no livro "Paulo Chaves - Andamentos da Cor" (Alpharrabio, 120 páginas, R$ 30)

O autor José Armando Pereira da Silva fará o lançamento da publicação amanhã, a partir das 11h, na Casa do Olhar Luiz Sacilotto (Rua Campos Sales, 414, Santo André. Tel.: 4992-7730).

Influente nome da abstração informal (vertente das artes plásticas que expressa sentimentos, sem recorrer à descrição de objetos), Paulo Chaves (1921-1989) é pouco conhecido das novas gerações, conforme avaliação de Silva.

Com o lançamento, "a ideia é reviver a obra", aponta o autor, que considera Paulo Chaves um patrimônio artístico brasileiro. Este reconhecimento pode ser comprovado no fim da publicação, que agrega coletânea de textos, assinados por diferentes críticos.

Para coletar todo o material, Silva contou com a colaboração da família do artista, em especial da irmã Maria José Lucatto, a quem dedica o livro. Teve também acesso a acervos de museus e colecionadores.

Foram quase dois anos de produção não contínua. "É um trabalho lento porque envolve pesquisa de documentos, críticas, obras. Em seguida, precisei cruzar todos os elementos para construir a narrativa", explica o estudioso.

No folhear das páginas, o leitor encontra a reprodução de inúmeras telas, que revelam diferentes fases artísticas, além de iconografia inédita. E o livro vai além: percorre toda a trajetória de Paulo Chaves, a começar pela infância em Iguape, cujas paisagens serviram de inspiração aos primeiros exercícios. Estes ainda não pertenciam ao abstracionismo, mas à fase figurativa.

Sem perspectivas na pacata cidade, a família se muda em 1939 para Santo André onde o pintor se aproximou de várias iniciativas, a exemplo da Sociedade de Belas-Artes e do Clube da Poesia. Também iniciou o aprendizado em artes: teve aulas com o pintor paranaense Waldemar Kurt Freysleben, considerado um mestre em paisagens.

Paulo Chaves fazia viagens pelo Brasil afora com bastante frequência. "Também gostava muito da Grécia e da Itália, por serem países de muita produção cultural". Informado sobre tudo o que acontecia no Exterior, ele colhia impressões de suas andanças para as telas.

Foi em meados de 1960 que se voltou ao abstracionismo. Uma das principais técnicas foi o relevo. "Ele utilizava tinta acrílica. Com areia e outros materiais, fazia diferentes texturas", explica Silva.

No fim dos anos 1950, ele se mudou para a Capital e conquistou presença no circuito que garantia maior visibilidade: o Salão de Arte Moderna. Já, no início de 1980, construiu casa em Maresias.

O novo cenário inspirou outra fase. A partir de experimento com guache, Chaves se reaproximou da pintura plana. E foi no Litoral que sua carreira acabou de forma abrupta. Motivo da morte, constatado em exame: uma profunda contusão na cabeça.

Segundo o autor, Paulo Chaves sempre foi bem aceito. "Só não se transformou em uma estrela porque não se preocupava em manter um estilo para agradar. Queria experimentar novas expressões", analisa.




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