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Mulher que furou fila do transplante vai lançar livro
Bruno Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
01/11/2006 | 22:17
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Um ano após uma verdadeira cruzada contra o sistema de saúde pública para conseguir um transplante de fígado, a farmacêutica Eliane Jimenes, 40 anos, recupera-se muito bem das cirurgias que sofreu. Em novembro do ano passado, diagnosticada com cirrose biliar, ela causou polêmica ao obter na Justiça uma liminar que a dava direito de furar a fila de espera por um fígado novo. Agora, a farmacêutica pretende publicar um livro contando sua história.

O caso de Eliana expôs um problema sério da fila de espera por órgãos em São Paulo. Até o ano passado, a fila tinha ordem de chegada. Quem estava esperando há mais tempo é que ficaria com o novo órgão. Ocorria que um terço dos pacientes morria antes de receber o órgão novo. Eliana entrou na fila e, pelo número que recebeu, deveria passar dois anos aguardando um órgão.

Mas ela já estava desenganada pelos médicos, e não poderia esperar. O marido de Eliana, Vagner Jimenes, recorreu à Justiça para que sua mulher pudesse furar a fila, alegando risco de morte. A Justiça acatou a sentença, e ela furou a fila. Conseguiu se salvar.

“Muita gente ligada à área da Saúde apareceu na imprensa dizendo que minha vitória tinha sido às custas de mortes de pessoas que continuavam na fila. Eu recebi uma carta da primeira pessoa da fila. Ela me cumprimentou e me parabenizou, dizendo que o modo como a fila era organizada não era justo. Até hoje ela não recebeu o fígado dela”, conta. Semanas depois da decisão, o Ministério da Saúde mudou os critérios da fila, priorizando os pacientes mais graves. “A discussão era antiga, mas os políticos levavam o assunto em banho-maria”, lembra.

O livro de Eliana ainda não está concluído ou tem data para publicação. Segundo a farmacêutica, será mais uma satisfação para as pessoas que acompanharam todo o drama da família dela.

Muito feliz com a recuperação – ela tem uma aparência para lá de saudável –, Eliana agradece principalmente à ousadia de seu marido em mobilizar a sociedade para que ela recebesse o fígado novo. O tratamento da transplantada não tem data para terminar (quarta-feira mesmo ela teve uma sessão de exames médicos), mas isso não impede ela seja uma mulher cheia de planos para o futuro.



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