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Grávida fica 40 horas em cativeiro
Glauco Araújo
Do Diário do Grande ABC
28/11/2003 | 20:31
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A dona de casa M..L.., 31 anos, grávida de três meses, foi libertada do cativeiro, na rua Barbeiro de Sevilha, na favela da Paz, na Vila Industrial, zona Leste de São Paulo, na manhã desta sexta. Ela passou pouco mais de 40 horas em uma casa de quatro cômodos. Durante esse período, foi espancada e alimentada apenas com um copo de suco, um sanduíche de queijo e quatro bolachas.

Abatida e ainda assustada, a dona de casa disse que não deseja o que passou a ninguém. “A gente costuma imaginar o que uma pessoa passa em um cativeiro, mas nada é pior do que sentir na pele”, disse ela.

O cativeiro foi descoberto pelos policiais militares depois de uma denúncia anônima informando o local onde a mulher estava. Algumas equipes de militares chegaram à rua Barbeiro de Sevilha em motocicletas, mas a ação foi descoberta pelos seqüestradores, que fugiram antes de a polícia encontrar M..

O seqüestro começou às 17h de quarta-feira, quando a dona de casa saía de casa, no Jardim Ana Maria, em Santo André, para buscar o filho de 7 anos na escola. “Faço isso todos os dias. Foi tudo muito rápido. Dois homens me pegaram e me jogaram dentro de uma Kombi.”

Ela disse que demorou pouco mais de 20 minutos para que os seqüestradores a levassem até o cativeiro. Segundo depoimentos de vizinhos dela, que presenciaram o momento em que ela foi levada, cerca de seis homens participaram da ação.

No cativeiro, a vítima disse ter sido espancada. “Me deram coronhadas nos ombros e na cabeça. Além disso, tomei vários tapas na cabeça. Eles só pararam depois que disse que estava grávida e ainda me pediram desculpas por isso.”

O primeiro contato da quadrilha com o marido da vítima, o ambulante J.G.S., 43 anos, foi feito às 17h30 do mesmo dia do seqüestro. Eles pediram R$ 100 mil. Depois de cerca de mil ligações telefônicas (segundo registros de uma empresa de telefonia), chegaram ao valor de R$ 20 mil. Depois, voltaram a subir a exigência para R$ 140 mil. “Foi um terror o que fizeram. Tive de tomar três garrafas de café para ficar acordado, pois não paravam de ligar e brigavam comigo se demorava a atender”, disse o marido da vítima, que sairá de viagem para o Ceará na segunda-feira. “Não sei se volto para cá”, disse a dona de casa.




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