Policiais militares descobriram na noite de sábado uma central telefônica clandestina que fazia conexões entre presos da Cadeia Pública de Santo André e outras cadeias do Estado. No local – uma casa em um bairro de classe média de Mauá – foram encontrados 22 telefones celulares, carregadores e baterias, além de um sistema de identificação de chamada. Dois dos telefones eram roubados, de acordo com o delegado plantonista do 1º DP de Mauá, Renato Gomes Camacho. A central era coordenada por mãe e filho.

Para transferir as ligações dos presos, o sistema utilizava o serviço de transferência de chamadas da Telefônica, encaminhando ligações feitas de telefones celulares de dentro da cadeia da região para as linhas fixas instaladas em Mauá a celulares em outras cadeias.

A funcionária pública Zenaide Santana Gomes, 56 anos, e seu filho, o motoboy Rafael Santana Gomes, 19, foram detidos pela PM. Zenaide pagou fiança de R$ 350 e foi liberada, após ser indiciada por infração à Lei 9.472, que dispõe sobre atividades clandestinas de telecomunicações. Gomes foi preso por receptação de produtos roubados – os telefones celulares – e detido no CDP de Santo André, onde seu irmão, também envolvido no caso, cumpre pena.

Ao encontrar a central, os policiais flagraram conversas entre presos da Cadeia Pública de Santo André, anexa ao 4º DP, e da cadeia de Bragança Paulista (interior do Estado), onde estão alguns membros da organização criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).

O desmonte da central clandestina começou com uma investigação do serviço reservado da PM. A divisão de investigações da corporação apurava o fato de quatro linhas telefônicas em nome de uma empresa de São Paulo terem sido instaladas irregularmente na casa onde Gomes mora com a mãe, na Vila Assis Brasil, em Mauá.

O proprietário da empresa disse aos policiais não ter solicitado a instalação das linhas e elaborou um boletim de ocorrência sobre a irregularidade. Os policiais foram então até a casa e detiveram Gomes e a mãe, que não tentaram fugir.

Outro filho de Zenaide, Rodrigo Santana Gomes, detido no CDP, disse à mãe que deixasse que um homem instalasse as linhas na casa, devido à uma dívida que teria. A instalação teria como finalidade o perdão da dívida.

Rodrigo alertou à mãe que não atendesse os telefones sob nenhuma hipótese. Ele foi preso em flagrante no ano passado ao cometer um assalto em Santo André e tentar subornar policiais para não ser detido, oferecendo R$ 10 mil.

Zenaide disse aos policiais que os telefones instalados em sua casa tocavam várias vezes ao dia. Imediatamente, as chamadas eram transferidas para telefones celulares.