A grande surpresa da pesquisa, que acompanhou 16,6 mil mulheres de 50 a 79 anos, foi a descoberta de que o tratamento aumenta os riscos de problemas cardiovasculares, já que era receitado para a prevenção destes distúrbios. “A pesquisa significa uma revolução no tratamento das mulheres em fase pós-menopausa”, disse o ginecologista e mastologista Sílvio Eduardo Valente, de Santo André.
A reposição hormonal evita a osteoporose, diminui sintomas característicos da menopausa (como a depressão e as alterações de humor), melhora o aspecto da pele e dos cabelos, e ainda promove maior disposição e ajuda na vida sexual. Algumas mulheres resolveram fazer o tratamento para obter melhor qualidade de vida e até por motivos estéticos.
Durante a última semana, os ginecologistas receberam telefonemas de pacientes desesperadas, sem saber o que fazer depois da divulgação da pesquisa encomendada pelos órgãos de saúde governamentais norte-americanos. “O médico precisa apresentar à paciente os prós e os contras do tratamento e decidir com ela o melhor caminho a seguir”, disse Valente.
Para o presidente da Sociedade Brasileira de Climatério, César Eduardo Fernandes, contudo, os dados da pesquisa não são alarmantes. “O estudo utilizou a dosagem convencional dos hormônios, o que significa que não há comprovação de que os riscos aumentariam também para uma dose menor”, disse.
A maioria das mulheres que faz reposição hormonal utiliza a combinação de progesterona e estrógeno (também usada pelas mulheres estudadas pela pesquisa), que pode ser ministrada por via oral, em gel, adesivos ou por um implante sob a pele.
Existem alternativas para a reposição hormonal na medicina natural como as isoflavonas (derivadas da soja) e cimicífuga (indicada para aliviar os famosos calores da menopausa), mas ainda sem comprovação científica. Há também um novo medicamento, o modulador seletivo de receptor de estrógeno, que apresenta dois inconvenientes – o preço elevado e a impossibilidade de ser administrado na fase inicial da menopausa.
Quanto ao risco de doenças cardiovasculares, Fernandes acredita que a idade das pacientes é fundamental para dimensionar os resultados da pesquisa. “A reposição pode ter caráter preventivo, se iniciada no início da menopausa. Se o tratamento é realizado em uma idade avançada, não há mesmo benefícios.”
A pesquisa dividiu as mulheres em dois grupos. O primeiro recebeu a combinação dos dois hormônios; e o segundo, apenas o estrógeno. No primeiro grupo, a pesquisa foi interrompida após 5,2 anos devido aos riscos apresentados – o prazo inicial era de oito anos.
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