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S.Bernardo mostra superação

Em meio a dificuldades como o transporte, a chuva e a passarela em ‘U’, agremiações fazem bonito para 6.000 pessoas no Riacho Grande

Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
17/02/2015 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


Cerca de 6.000 pessoas compareceram ao desfile das escolas de samba de São Bernardo, realizado na noite de domingo no km 33 da Estrada Velha de Santos, no Riacho Grande. Três agremiações do Grupo 2 e sete do Grupo 1 se apresentaram em arena coberta, na passarela em formato de ‘U’.

A abertura ficou por conta do bloco de afoxé Omo Ayie Sele, que trouxe o tradicional ritmo baiano unido à mensagem de paz, a partir das 19h. A Estopim da Fiel, de Diadema, veio em seguida, às 20h15, apresentando samba em homenagem ao ex-presidente do Corinthians Andrés Sanchez,com direito a execução do hino do clube.

Com a entrega da chave da cidade para a corte do samba, a cerimônia teve início às 21h. Houve um minuto de silêncio em homenagem ao presidente da Acadêmicos de Vila Vivaldi, Francisco de Cola, o Chicão, que morreu na noite de quinta-feira.

A primeira escola do Grupo 2, Unidos do Vila Rosa, que estava programada para se apresentar às 20h50, entrou na passarela somente às 21h34. O enredo homenageou a Companhia Cinematográfica Vera Cruz e trouxe 142 componentes. A apresentação durou 28 minutos. Conforme o presidente da escola, Roberto Aparecido Pereira, o desfile foi prejudicado pelo número menor de pessoas que o esperado. “Devíamos ter entrado com 170 componentes, mas uma ala inteira não veio por ser longe. Vamos perder ponto e provavelmente ser rebaixados.”

Às 22h57 a Acadêmicos do Baeta Neves se apresentou com o samba-enredo A História do Café. Na programação, a escola deveria se apresentar às 21h45, mas a chuva acabou atrapalhando e molhando os carros alegóricos e fantasias. Isso porque, apesar de a área do desfile ser coberta, o espaço destinado para a concentração era aberto e com grande quantidade de terra.

Com 201 componentes, o público foi conquistado pelo refrão “tá quentinho, tá gostoso/Eu vou provar/Cafézinho saboroso/Eu vou provar” e saiu confiante. “Dentro das perspectivas, fomos muito bem. A chuva atrapalhou bastante, mas a harmonia trabalhou bem”, disse o presidente, Renato da Silva.

A última escola do grupo foi a Estação Primeira de Baeta Neves, que entrou na avenida à 0h06 e trouxe o enredo Mulheres Benditas Guerreiras. Os 172 componentes homenagearam personalidades como Maria da Penha e Joana D’Arc. “A garra da nossa equipe passou por cima de tudo. Viemos lutar e brigar pelo título”, disse a vice-presidente da escola, Rita Cássia.

O desfile das escolas do Grupo 1 teve início à 1h06 com a apresentação da Terceira Idade Brilha São Bernardo. O enredo Está Escrito: Eu Nasci Pra Ser Feliz foi apresentado por 250 componentes, chamando a atenção para as alas que representavam o zodíaco.

“Foi muito difícil arrumar componentes, além da infraestrutura sem condições e das roupas molhadas. Mas nosso principal intuito é chamar a terceira idade para o Carnaval”, disse a presidente, Izabel Donizeti da Silva.

A hexacampeã São Leopoldo chegou às 2h na avenida como uma das favoritas. O desfile com o enredo Educação É Ir Além impressionou pelo tamanho dos carros e qualidade das fantasias. A última alegoria da agremiação, que trazia crianças vestidas em becas, media quatro metros e era a maior entre todas as escolas. No momento em que precisou fazer a curva, porém, o eixo do carro quebrou. Resultado: precisou ser rebocado, após os esforços dos integrantes para empurrá-lo passar dos dez minutos. O público aplaudiu de pé quando o carro foi puxado pelo guincho na avenida.

Devido ao problema, a escola estourou em dois minutos e meio o tempo permitido para o desfile – 40 minutos. “Perdemos dois pontos, mas vamos esperar. É difícil porque nenhum carro alegórico é projetado para passar em uma curva. Somos uma família e demos o melhor para o desfile”, disse o presidente Américo Morales, o Tico.
A atual campeã União das Vilas apresentou o enredo O Tempo que o Tempo Tem, a partir das 3h, com 430 componentes. O desfile trouxe elementos desde a criação até o tempo na literatura, com Alice no País das Maravilhas. Um dos carros também teve dificuldade para fazer a curva da passarela em ‘U’. “O pessoal foi nota 10 em vista das dificuldades que tivemos. Nosso objetivo foi colocar a escola na avenida”, disse o presidente Washington Arantes, o Chotão.

Às 3h50 foi a hora dos 300 componentes da Acadêmicos da Vila Vivaldi homenagearem Adoniran Barbosa. O desfile foi marcado por grande emoção quando a comissão de frente entrou com uma faixa lembrando o presidente morto, Chicão. Um dos carros teve uma modificação de última hora para homenagear o sambista. O vice-presidente, Mário de Souza Júnior, terminou o desfile emocionado. “Toda a comunidade teve bastante garra para superar esse momento triste e trazer a escola para a avenida.”

A Império de Samba de Vila Vivaldi entrou às 5h01 pedindo animação para o público, que já começava a deixar o espaço. O enredo A União de Raças: Eis a Miscigenação foi apresentado por 205 componentes. A escola também teve dificuldades com os carros na curva.

“Tivemos também problema com a documentação e só conseguimos a verba há duas semanas. Foi difícil e o resultado é consequência do que enfrentamos”, explicou o presidente, Wagner Henrique Alex.

A Renascente de São Bernardo retratou a história do negro africano no Brasil às 6h, ao amanhecer. O desfile, com 350 componentes, foi um dos destaques da noite, deixando vários com lágrimas nos olhos. “Devo muito aos nossos representantes da comunidade e a todos os sambistas de São Bernardo”, disse o presidente da escola, Benedito da Silva Lemes, o Ditinho da Congada,

A última escola a entrar na avenida foi a Camisa Vermelha e Branca, às 7h08, com 256 componentes. O enredo Paz Na Terra aos Homens de Boa Vontade empolgou os presentes, que levantaram bexigas vermelhas. “Como o nosso samba diz, trazemos paz. A chuva atrapalhou bastante, mas a nossa escola se manteve bem”, disse o presidente, Marcelo Silva.

Conforme o cronograma, a última agremiação deveria ter se apresentado às 4h45. As escolas atrasaram principalmente por causa da chuva. A organização as deixou à vontade para se ajustarem antes de entrar na avenida.

A apuração será hoje, às 15h, no Centro Esportivo Roberto de Almeida Antunes.

Superliga descarta mesmo espaço para o ano que vem

Durante o desfile de ontem, a realização da festa de Carnaval do ano que vem no mesmo espaço foi descartada pela Superliga das Escolas de Samba de São Bernardo. De acordo com o presidente, Léo de Oliveira, não há condições para o espaço receber as agremiações novamente. “Foi um período conturbado devido às obras e à falta de opção de outros locais. Jamais vou deixar de fazer o Carnaval na cidade, por isso tivemos que optar por esse espaço.”

Segundo o secretário de Cultura de São Bernardo, Osvaldo de Oliveira Neto, a Prefeitura vai se reunir com as escolas de samba, forças de Segurança e o Corpo de Bombeiros em julho para discutir o evento de 2016. “Queremos levantar todos os pontos positivos e negativos para discutir a realização da festa no ano que vem. Também iremos conversar sobre as dificuldades financeiras das escolas, já que somente três delas estavam aptas financeiramente para realizar o desfile em setembro, o que foi muito preocupante para nós”, explicou.

O secretário também demonstrou preocupação com o formato da festa que vem sendo realizada na cidade. “Precisamos entender e encontrar o melhor para a nossa população e para as escolas de samba. Será que esse é o formato ou devemos investir em blocos, por exemplo? Acredito que o atual seja o ideal, mas precisamos fazer uma avaliação geral, discutir e resolver tudo”, disse.

Segundo Léo, o evento deste ano foi paliativo. “Foi a única possibilidade de realizar a festa. Agora é hora de as escolas de samba ficarem juntas para o seminário e defendermos o nosso espaço. Queremos um local para receber o samba e recuperar o público”, afirmou. 




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