A Renascente de São Bernardo aposta nas duas grandes paixões do brasileiro para alcançar o primeiro lugar do Grupo 1, que ainda não veio. "Todo ano o título está para chegar, mas a gente sempre esbarra no travessão", disse o vice-presidente da escola do Parque São Bernardo, José da Silva Lemes, o Zé.

Para não acontecer novamente, a agremiação leva à avenida o enredo Brasil Tropical do Samba e Futebol, que promete levantar o folião.

"Sou da Terra do Samba e pandeiro, do futebol e do Carnaval. Canta meu povo guerreiro, tirando onda em alto astral", diz a letra do samba, dedilhado no cavaquinho por Zé enquanto conversava com a equipe do Diário. "A escola é coisa de família, está no sangue. O Carnaval também é história, e mostra a força do negro na nossa sociedade", garantiu.

Com 500 componentes, três carros alegóricos e 80 ritmistas na bateria, a Renascente quer conquistar razão e emoção durante o desfile. "A emoção a gente sempre consegue, porque temos a comunidade do nosso lado. A razão, que são os jurados, a gente ainda precisa se esforçar um tiquinho, não chegou lá."

O grito de olé promete ser o grande destaque que a escola de samba leva neste ano para a festa. "A gente vai fazer surpresa, mas é bom avisar o povo para eles prepararem os pulmões", brincou.

Samba e fé

A casa da família Lemes é conhecida por todos no Parque São Bernardo. É lá que a benzedeira Ana Lemes atende diariamente os que a procuram em busca de consolo para seus problemas. Os portões da residência estão sempre abertos para quem quiser e precisar entrar, mas em época de Carnaval Ana precisa dividir seu espaço com os preparativos para a folia.

A divisória improvisada é feita com uma espécie de cortina florida que separa as imagens de santos e guias das máquinas de costura. "Ela entende porque sabe que, nesta época, a família toda está envolvida com os preparativos da festa", explicou a irmã de Zé, Juraci da Silva Lemes. "Sou dama de companhia da mulherada da escola, mas só ajudo nos preparativos. O desfile eu gosto mesmo é de assistir."

Na bateria, juventude talentosa é destaque

Elisabete Oliveira Lemes tem 20 anos, mas já comanda os tamborins da bateria da escola de samba Renascente de São Bernardo. Ela aprendeu a tocar o instrumento com o pai, Luís Lemes, quando ele era Mestre de Bateria. "Eu era pequenininha e ficava cansada, mas meu pai me incentivou mesmo assim", garantiu.

A morena nunca teve aulas de tamborim, mas toca com perfeição. "Aprendi de ouvir, ver e sentir o som na avenida", explicou.

Outro jovem talento que se destaca na agremiação é Borô, 13. Neste ano ele estreia como ponteiro da bateria, função de extrema importância para manter a harmonia entre as vozes que cantam o samba enredo e os instrumentos. Mesmo com a pouca idade, o garoto já assume uma posição de destaque entre os ritmistas.

Segundo o vice-presidente da Renascente, José Lemes, o Zé, a ideia da família é mesmo deixar a juventude assumir o controle. "Eles são criativos e têm fôlego para preparar e depois pular o Carnaval", garantiu.