Tropicalista Lenta Luta (Publifolha, 288 págs., R$ 39 em média) é o nome da autobiografia do irreverente e criativo músico baiano Tom Zé, que acaba de ser lançada. Dividida em quatro partes, esmiuça vida e obra do artista. O livro começa com um texto sobre a vida de Tom Zé, tratando desde as memórias do menino nascido em Irará até as conquistas do homem consagrado internacionalmente por meio da música. Textos sobre ele publicados na imprensa integram a segunda parte do título.

Na seqüência vêm todas as letras de músicas compostas por Tom Zé, até as que estão em Imprensa Cantada 2003, disco recém-lançado pela gravadora Trama. Por fim, uma longa entrevista concedida a Luiz Tatit e Arthur Nestrovski. Conta também com a discografia completa de Tom Zé, além de fotografias.

Em um trecho ele revela como entrou em uma “Universidade de Palco”, onde os artistas se personificavam na figura do “conhecido e popular Homem-da-Mala”: “A feira de Irará é no sábado. Sempre apareciam um ou dois (homens-da-mala). Semanas e semanas seguidas eu acordava cedo para vê-los chegar e atuar. Ia para o lugar em que trabalhavam. Nas primeiras vezes, tentava adivinhar, na chegada, quem poderia ser um deles. Naturalmente, quando chegavam de Alagoinhas ou de Feira de Santana, num daqueles paus-de-arara, ninguém adivinharia qual daqueles cidadãos se converteria no ‘artista’. Pareciam, todos, pessoas comuns”.

Continua: “Com o tempo, passei a conhecê-los. Os recursos, a manha e a habilidade se encapuzavam na máscara de um ‘zé das couves’ qualquer. Na melhor das hipóteses, tinham um jeitão de funcionário público, carregando aquela mala meio grande, como quem vende rendas do Ceará na repartição”.