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Falta estímulo a alunos de Rio Grande
Adriana Ferraz e Luciana Yamashita
Do Diário do Grande ABC
15/03/2008 | 07:27
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De lados opostos. Enquanto a diretoria da Escola Estadual Papa Paulo VI, em Santo André, comemora o posto de melhor da região, após os resultados do Saresp (Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo), professores da Escola Estadual Edmundo Luiz de Nóbrega Teixeira, em Rio Grande da Serra, digerem o título de pior escola do Grande ABC.

Na menor cidade da região, de acordo com a diretora Gracia Cristina Bizio, falta estímulo para os estudos. “Há um desprezo dos jovens pela escola e pela cidade. Eles não acreditam no potencial que têm. Querem sair daqui, pegar o ônibus e ir para Ribeirão Pires. Não existe vínculo”, diz.

A EE recebeu o critério ‘abaixo do básico’, ou seja, ‘domínio insuficiente do conteúdo’. Alunos da 6ª série do ensino fundamental obtiveram 155,5 pontos, de 350 possíveis em Matemática. No Estado, a média chegou a 194,1.

A pedagoga afirma que busca o aprimoramento, mas reconhece as dificuldades. “Estamos sem laboratório de informática. Houve um incêndio e o material não foi reposto. Este tipo de ensino faz falta. A idade já é difícil, sem incentivo, fica pior ainda”, conta Gracia.

Mesmo com 60% do espaço físico fechado para reformas, a equipe da EE Papa Paulo VI se adaptou – o almoxarifado, por exemplo, virou sala de informática – e ostenta o título de melhor do Estado na 3ª série do ensino médio. Os alunos conseguiram 382,2 pontos no Saresp, em 500 possíveis na prova de Matemática. A média estadual ficou em 263,7.

Em Português, a escola também foi a primeira da região. Os alunos da mesma série obtiveram nota 338,3. A média estadual foi de 263,2. Em ambas as disciplinas, o critério alcançado foi ‘adequado’, que representa ‘domínio do conteúdo’.

A diretora Mirtes Machado credita o resultado ao trabalho integrado dos 38 professores. “Temos uma equipe estável e envolvida com a continuidade do trabalho pedagógico.” Na hora do intervalo, os alunos podem escolher livros em estantes espalhadas pelos corredores. As atividades de leitura são freqüentes. Quem quiser também pode pedir emprestado um dos oito violões.

A ex-aluna Maitê Balhester, 17 anos, estava na melhor turma do Estado e prestou o Saresp 2007. “Era só uma sala normal, com 29 alunos e três ‘panelinhas’. As pessoas estudavam só antes da prova”, conta. Hoje, Maitê é aluna de Ciência e Tecnologia da UFABC.



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