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Câncer de mama deve atingir 15 mil
Bruna Gonçalves
Do Diário do Grande ABC
08/07/2011 | 07:18
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O Estado de São Paulo vai fechar 2011 com aproximadamente 15 mil novos casos de câncer de mama em mulheres, conforme estimativa do Instituto Nacional de Câncer. No Brasil, esse número deve chegar a 50 mil. Não há dados específicos sobre o Grande ABC, mas informações repassadas pelas prefeituras mostram que em Santo André são diagnosticados em torno de 15 novos casos por mês, número que se repete em São Caetano.

Segundo o Inca, o câncer de mama é o mais comum entre as mulheres, respondendo por 22% dos casos novos a cada ano. Já o número de mortes fica em torno de 10 mil por ano.

A coordenadora de mastologia e oncologia de São Caetano, Maria Auxiliadora Bernardi, fala da importância da mamografia. "O diagnóstico aumenta, porque mais mulheres estão buscando o serviço que vai identificar lesões que não são palpáveis. O exame é fundamental para que o diagnóstico seja precoce. Em casos de tumores de até 1,5 centímetro, a chance de cura é de 95%."

Segundo a coordenadora, apenas 10% do casos de câncer são hereditários. "Isso reforça a necessidade de fazer o exame anualmente, porque a maioria são casos esporádicos."

As prefeituras do Grande ABC seguem a lei federal 11.664, de 29 de abril de 2008, que determina que o Sistema Único de Saúde deve assegurar a realização do exame para mulheres a partir de 40 anos, assim como recomenda a Sociedade Brasileira de Mastologia, que orienta a fazer anualmente.

O Inca, por sua vez, indica o exame acima dos 50 anos e a cada dois, por estar baseado em evidências científicas que validam a eficácia e efetividade nessa faixa etária.

Os especialistas ouvidos pelo Diário discordam da recomendação do Inca. "A maior incidência é após os 50 anos, mas com a tecnologia dos equipamentos é possível fazer um diagnóstico precoce e seguir com o tratamento. Isso vai gerar um custo muito menor para o SUS", afirmou o professor de Mastologia da Faculdade de Medicina do ABC Paulo Roberto Pirozzi.

Segundo ele, mulheres que têm casos na família precisam fazer o exame 10 anos antes do diagnóstico da doença. "Se a mãe descobriu aos 35, a filha precisa fazer o exame já aos 25."

O coordenador do Centro de Avaliação em Mastologia da Faculdade de Medicina de Botucatu, da Universidade Estadual Paulista, José Ricardo Rodrigues, explicou que há o câncer de intervalo, que surge entre um exame e outro. "Por isso, fazer todo ano ajuda a descobrir mais rápido e tratar no início."

Para o coordenador do serviço de Mastologia do Hospital da Mulher, em Santo André, Guerino Barbalaco, de cada 1.000 mamografias, 40 acusam algum tipo de lesão. Destas, entre 20% e 30% são cânceres.

Os casos mais comuns da cidade ocorrem entre 45 e 65 anos, mas especialistas ressaltam que há casos de mulheres abaixo dos 40. "Mulheres que não amamentaram, que tiveram menarca precoce ou menopausa tardia, começaram a tomar anticoncepcionais muito cedo ou fazem reposição hormonal, são alguns fatores que podem aumentar a chance, mas não significa que todas vão desenvolver a doença", explicou Barbalaco.

 

Voluntária começa a ajudar e descobre que tinha doença 

A moradora de São Caetano Maristela Kramberck, 48 anos, conheceu a Rede Feminina de Combate ao Câncer da cidade em 2001. "Fui para conhecer, gostei e ainda estou aqui, como voluntária."

O que ela não esperava é que além de dar força para as mulheres atendidas, fosse precisar do apoio delas, já que em 2003 descobriu que tinha câncer de mama. "Fazendo auto-exame no chuveiro senti um carocinho, que foi confirmado como câncer. A rede foi fundamental", disse ela.

O estágio do câncer estava avançado. Ela fez três quimioterapias e, depois de quatro meses da descoberta, fez a cirurgia. "Retirei apenas uma parte do seio. Precisei fazer radioterapia. O cabelo caiu, fiquei sem pelo, mas isso não me afetou, pois economizei xampu e secador", brincou.

Em 2008, também durante o autoexame, descobriu outro carocinho. "Não acreditei que poderia acontecer comigo novamente. Pensei que já tinha me curado. Por isso, vejo que é importante a mulher se conhecer." Por estar muito avançado e para não correr o risco de se espalhar, ela retirou as duas mamas e esvaziou as duas axilas, pois tinha três gânglios comprometidos. "Foi melhor assim. Depois coloquei prótese de silicone de 360 mililitros."

Para a presidente da Rede Feminina de Combate ao Câncer Vera Monari, o diagnóstico tem aumentado. "Isso mostra que as mulheres estão indo atrás. Além disso, precisam de instituições que lhe dê apoio."

A atendente de São Caetano Aparecida Francisca Costa, 55, descobriu o câncer próximo ao Natal de 1996. "Não foi o melhor presente. O médico disse que o tumor estava com cinco centímetros. Precisei retirar a mama direita e esvaziar a axila. Passei por seis radioterapias e nove meses de quimioterapia."

Em 2000, foram diagnosticados dois tumores em duas costelas. "Quando você se depara com uma transformação no seu corpo não é fácil, mas tinha me preparado.




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