Fezes de pombos espalhadas, banheiros coletivos sem divisórias entre vasos e pias e falta de água em boxes do sacolão são problemas vividos todas as madrugadas por comerciantes e clientes na Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André).

As aves se acomodam nas estruturas do teto dos estandes. “É complicado. Eu já fui atingido pelas excreções dos pombos várias vezes. Os clientes também. E é claro que também caem nas frutas, não tem como prevenir”, relata o vendedor Reinaldo Alves, 38 anos, do box 40. Ele também afirma que a direção da Craisa prometeu, há cerca de um mês, colocar telas de proteção abaixo do forro, para evitar que os animais sujem as pessoas e os alimentos. “Estamos esperando.”

A Prefeitura de Santo André, no entanto, afirma não ter recebido qualquer tipo de reclamação formal dos permissionários da Craisa. Sobre a questão dos pombos, a administração diz que já existem telas nos estabelecimentos. “Se for constatada falta desses equipamentos em algum setor, estes serão colocadas em prazo que não deverá ultrapassar o próximo mês”, informa a nota oficial da Prefeitura. A reportagem verificou, na madrugada de quarta-feira, que muitos boxes não contam com o acessório. Vale ressaltar que as fezes das aves transmitem doenças.

Os banheiros são coletivos e não há portas que separem os vasos sanitários do restante do toalete. Os permissionários declaram-se constrangidos com a falta de privacidade. “Passo mais de 12 horas por dia aqui. Esses banheiros precisam passar por uma reforma”, disse o comerciante Edson da Silva Cruz, 33 anos, que também está preocupado com a segurança do local. Ele conta que, depois de sofrer uma tentativa de assalto, resolveu pagar um vigilante.

A Prefeitura afirma que os banheiros passam por manutenção permanente, mas que, “muitas vezes”, são mal utilizados, sem dar detalhes sobre o problema das divisórias. O administração também informa que 24 seguranças de um serviço terceirizado são mantidos na Craisa para cuidar das portarias e da área interna.

Dos boxes 13 ao 19, não há água. Um verdureiro dessa área mostrou à reportagem na madrugada de quarta-feira que as torneiras estão secas. A administração alega que talvez tenha ocorrido uma interrupção temporária, e que isso será verificado. Mas afirma que também não houve reclamações sobre falta de água.

A presença de ratos é constante. Mas os comerciantes não responsabilizam a Prefeitura por isso. “Com o rio aqui atrás e os alimentos aqui dentro, não tem jeito, os ratos vêm mesmo”, dizem. O fruteiro Reinaldo Alves resolveu colocar um gato no seu sacolão para evitar que os ratos se aproximem. “Tem dado certo”, comemora ele.