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Diadema quer criar cultura de paz
Luciano Cavenagui
Do Diário do Grande ABC
15/04/2005 | 13:40
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Para diminuir a violência em Diadema, a Prefeitura quer difundir pela cidade a cultura de paz. A administração informa que quer desglamourizar a vida criminal. As iniciativas incluem motivar mulheres a não valorizarem homens violentos, criar centros de mediação de conflito em núcleos habitacionais e oferecer cursos de formação para mediadores comunitários.

Essas propostas constam do Compromisso 7 do 2º Plano Municipal de Segurança, formulado pela Prefeitura em parceria com o Instituto Sou da Paz. Os pontos serão debatidos durante dois meses em audiências públicas com a população, que poderá acrescentar ou eliminar sugestões. Em agosto, a Prefeitura vai selecionar as principais sugestões e promete colocá-las em vigor.

“Vamos fazer uma campanha de conscientização voltada aos jovens, mostrando os problemas reais quando se envolvem com o crime. Para parcela considerável dos adolescentes mais carentes, entrar na vida de violência pode significar ascensão social. Essa visão é glamurizada e não condiz com os prejuízos causados”, afirma a secretária de Defesa Social, Regina Miki. Por isso, a campanha prevê como sede, entre outros locais, escolas e parques, para garantir presença do público infanto-juvenil.

Mas a participação das mulheres também será fundamental, segundo a secretária. Quem elaborou o plano de segurança acredita que mães, namoradas e mulheres têm papel fundamental na formação do homem. E o sexo masculino representa 90% da população prisional do Estado. “É preciso que os homens acabem com a valorização de um comportamento machão e violento. Muitos consideram que isso atrai o sexo oposto. Vamos criar ações para que as mulheres repudiem esse tipo de atitude e repassem o conceito para seus maridos, namorados e filhos”, conta Regina Miki.

Segundo a secretária, parte do trabalho já é feito junto a mulheres vítimas de violência doméstica atendidas pela Casa Beth Lobo. Há cerca de um ano, guardas municipais treinados realizam palestras com essas mulheres, incutindo nelas o repúdio ao estereótipo do machão. “As mulheres têm envolvimento direto com a violência muito menor que os homens. Correspondem a 10% dos presos e são menos de 4% das vítimas de homicídios. E contam com poder de persuasão muito grande entre os homens”, avalia Regina Miki.

Outra aposta da Prefeitura é criar centros de mediação de conflito nos principais núcleos habitacionais de Diadema. Existem 212 conjuntos desse tipo, de acordo com a administração municipal. A cidade é a que tem a maior concentração demográfica da região, com 11.626 moradores por quilômetro quadrado, segundo dados de 2001 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O novo plano de segurança considera que muitos desses locais são áreas de concentração de conflitos. A secretária Regina Miki cita como exemplo os loteamentos no Jardim Amuadi. “Em núcleos como esse, muitas vezes um homicídio ocorre porque alguém liga o aparelho de som muito alto e o vizinho quer dormir. O centro de mediação de conflito serviria para evitar um possível confronto”. Para realizar o trabalho, a comunidade local elegeria mediadores comunitários, que auxiliariam na resolução de confrontos sem violência. A Prefeitura daria o suporte, por meio de cursos, para a formação desses mediadores.



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