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Explosão ainda estressa vizinhança na Vila Pires
Michelly Cyrillo
Do Diário do Grande ABC
13/07/2010 | 08:54
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A violenta explosão da loja que comercializava fogos de artifício na Vila Pires, em Santo André ocorreu há quase dez meses e até hoje a vizinhança está traumatizada. Os moradores da Rua Américo Guazelli não suportam olhar para o terreno onde funcionava a loja Pipas e Cia e para evitar transtornos no espaço a comunidade pede à Prefeitura para murar o espaço.

"Aqui ninguém consegue nem olhar para esse terreno, depois de tudo que sofremos. A vida de ninguém aqui foi mais a mesma, até hoje temos problemas por conta desse espaço. A Prefeitura podia fazer uma cerca, para evitar que este local vire um lixão", disse um morador que preferiu não se identificar.

A vizinha do terreno onde funcionava o bazar que comercializava fogos de artifício Rosimar Montanari, 45 anos, explicou que o local virou um depósito de entulho. "Os carrinheiros depositam de madrugada entulho que recolhem na vizinhança. Está virando um lixão e já que o dono não cuida, então a Prefeitura podia cercar para evitar a sujeira."

Segundo Rosimar, o terreno da sua casa foi invadido por um morador de rua há 15 dias. "O mendigo se instalou no nosso terreno, e não queria sair. Por isso, colocamos tábuas de madeira em toda a volta. Desde o dia da explosão é um problema atrás do outro, não temos paz."

O aposentado Bernardino Torrer Moreno, 78 anos, explicou que assim como ele muitos moradores estão com problemas de saúde, por conta do nervosismo que passaram desde a tragédia. "No dia da explosão, achei que teria um ataque do coração. Depois disso comecei a ter problemas de memória e desenvolvi uma hérnia. Ninguém teve mais sossego, depois do caos, vieram os inúmeros problemas com as reformas. A maioria dos vizinhos é de aposentados como eu, e não tinham dinheiro previsto para este gasto."

Moreno afirmou que na sexta-feira os vizinhos entraram em pânico por conta de um incêndio no terreno. "No feriado colocaram fogo em um sofá, todo mundo ficou apavorado." As labaredas ameaçaram atingir os madeirites que isolam a área dos vizinhos. O medo se espalhou.

A Prefeitura de Santo André informou que irá analisar o pedido dos moradores da Rua Américo Guazelli.

 

Tragédia ocorreu no dia 24 de setembro do ano passado

 

O dia 24 de setembro ficou marcado para os moradores da Vila Pires, em Santo André. O bazar que comercializava fogos de artifício Pipas e Cia, localizado na Rua Américo Guazelli explodiu por volta das 12h30. Duas pessoas morreram e 12 ficaram feridas. Quinze carros ficaram destruídos e 30 imóveis foram atingidos.

A explosão provocou um cenário de horror, diversas ruas de entorno do bazar foram interditadas, e muitos imóveis afetados.

Cinco casas ficaram com a estrutura abalada e foram interditadas até serem reconstruídas. A explosão atingiu residências há mais de um quilômetro de distância, provocando rachaduras, vidros e telhas quebrados. Desses, 30 imóveis mais próximos foram os mais prejudicados.

Segundo os vizinhos a explosão ocorreu quando o proprietário do bazar, Sandro Luiz Castellani, fazia reparos na antena. "Ele estava mexendo em uma antena de radioamador no telhado e ela caiu nos fios de energia, provocou um curto-circuito e começou a pegar fogo, como havia muitos fogos, virou uma grande bomba e explodiu", disse o mecânico Wagner Montanari, 48 anos.

O AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros), documento necessário para conseguir o alvará de funcionamento estava vencido desde 16 de junho. As mortes foram da faxineira do bazar Ana Maria de Oliveira Martins, 58, e do primo de Sandro Denian Castellani, 41.

 

Casal disse seguir comercializando fogos de artifício

 

Nas últimas declarações dadas à imprensa, o dono do bazar Pipas e Cia, Sandro Luiz Castellani, afirmou seguir comercializando fogos de artifício. Segundo Castellani, em entrevista concedida em janeiro, essa é a profïssão dele e da mulher, Conceição Aparecida Fernandes. "Vamos continuar vendendo fogos, é a nossa profissão. A explosão foi um acidente, uma fatalidade. Não temos estudos e precisamos sustentar o nosso filho. É o que sabemos fazer."

O casal continua atendendo os antigos clientes na residëncia, localizada a poucos quarteirões do local da explosão. "Nós apenas intermediamos as vendas, temos clientes há 20 anos. Não armazenamos mais", garante Conceição.

A Polícia Civil chegou a investigar a venda na residência da Rua Camões, logo após a Rádio Bandeirantes divulgar entrevista simulando compra de fogos em janeiro, mas não encontrou nenhum estoque.

Uma semana depois da explosão foram encontradas cerca de duas toneladas de fogos em uma funilaria que pertencia ao cunhado de Castellani, Sebastião Fernandes, 47. As 310 caixas de rojões e bombas apreendidas foram destrúidas. Castellani assumiu que os fogos eram dele. No dia 9 de outubro a Polícia Militar encontrou cerca de uma tonelada de explosivos foi localizada em um haras de Suzano, segundo o caseiro do haras, Rinaldo Aparecido Soares, 31 anos, os fogos pertenciam a Castellani.

 




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