Mesmo contrariados, os camelôs da região central de Santo André começaram ontem a se instalar em parte das barracas do Boulevar Itambé. Depois de adiar a ida para o camelódromo com diferentes desculpas, ontem a justificativa econômica foi finalmente apresentada pelos comerciantes informais como o principal empecilho à mudança. Alegações de que não iriam para o novo espaço por conta de falhas no sistema de segurança e na infra-estrutura caíram por terra com a explicação do laudo emitido pelo Corpo de Bombeiros.

Nas ruas, a clientela que passa em frente às bancas tem os produtos ao alcance dos olhos. O bulevar afastaria o camelô do público-alvo, que precisa ser convencido a entrar nos corredores. A expectativa é de que realmente se perca parte considerável dos lucros nos primeiros meses de operação.

A última tentativa de evitar a transferência para o espaço cedido pelo município ocorreu pela manhã, com protesto em frente ao Paço Municipal. Cerca de 50 camelôs foram recebidos por representantes da Prefeitura, depois de promoverem manifestação com apitos e cartazes no local.

O anfiteatro foi o local do encontro e serviu de palco para discussão tensa entre camelôs e Carlos Augusto Alves Santos, assessor especial da Secretaria de Gabinete.

O representante da Prefeitura rebateu a afirmação de que o laudo assegurava apenas 138 m², dos cerca de 800 m² existentes no bulevar. O Corpo de Bombeiros emitiu parecer sobre a área construída, garantia válida também para o restante do terreno.

A Prefeitura se comprometeu a buscar solução para o mau-cheiro dos bueiros do bulevar. Também pode trocar o "sombreador" por cobertura impermeável, caso consiga aprovar o projeto - e liberar verba complementar aos mais de R$ 2 milhões investidos. A única hipótese descartada é o retorno das pessoas às ruas. "A decisão já foi tomada e não tem mais conversa. Temos até fila de espera, caso não aceitem a proposta", afirmou o assessor da Prefeitura.

A fiscalização percorreu a região central e passou o dia sem fazer apreensões. À tarde, a Rua Coronel Oliveira Lima tinha espaço de sobra para os pedestres, enquanto alguns camelôs já preenchiam as prateleiras no boulevar, resignados.