Continua incerto o futuro do comerciante Rafael Romão Mota, 21 anos, envolvido na briga de trânsito que levou à morte o estudante de arquitetura Bruno Felipe Rodrigues de Souza, 23. Além dos exames do local do crime e da arma, a polícia ainda aguarda o resultado do exame residuográfico para definir se vai indiciar o jovem pelo homicídio ou não.

Segundo a psicóloga Rosali Campanini, do Programa de Atendimento a Vítimas de Violência e Estresse da Unifesp, além da impulsividade, há excesso de ira nos jovens hoje em dia. "Há muita agressividade somada a falta de diálogo, e eles respondem assim. Tanto que o maior índice de homicídio está na faixa etária de 18 a 25, que cresceu muito de cinco anos para cá."

Essa não é a primeira vez que brigas banais no trânsito terminam em morte no Grande ABC. Em 1998, uma discussão na Avenida Portugal, em Mauá, provocou a morte do estudante Willian Gonçalves dos Santos, 17 anos. Após esbarrar em um monza e discutir com o proprietário do veículo, o jovem levou um tiro na cabeça e não resistiu aos ferimentos.

Um ano depois, foi a vez do engraxate Erick Ferreira, 18, ser assassinado a tiros, dentro de uma pizzaria, após discussão no trânsito de Diadema.

Em 2004, dois casos chamaram atenção. O técnico em som Maicon Ventura Santos, 19, morreu durante desentendimento de trânsito em São Bernardo, em agosto.

Dois meses depois, o estudante João Carlos dos Santos, 20, perdeu a vida no centro de Santo André por motivo parecido. E em 2008, o comerciante Ismael Vieira da Silva, 23, de São Bernardo, foi acusado de matar com um tiro o estudante Alexandre Andrade Reyes, 18 anos, após briga de trânsito.

A especialista acredita que a família tem parcela de culpa. "Os pais pecam em não passar limites. Deve-se deixar os limites claros, ter controle sobre os filhos, saber onde vão, com quem andam, participar", conclui.