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Provas do Desafio de Redação estão encerradas
Maíra Sanches
Do Diário do Grande ABC
04/11/2010 | 08:02
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Ao todo, 275 escolas participaram da 4º edição do Desafio de Redação do Diário em 29 dias de provas. Na segunda-feira, a quinta e última remessa de provas será enviada para correção de professores e universitários da USCS (Universidade Municipal de São Caetano). Excetuando a parte não avaliada, 110 mil redações sobre o tema Crack, Tô Fora! já foram produzidas por alunos da rede pública e particular de ensino do Grande ABC. Foram 81 escolas participantes de Santo André, 54 de São Bernardo, 51 de Mauá, 34 de Diadema, 23 de São Caetano, 23 de Ribeirão Pires e nove escolas de Rio Grande da Serra.

O concurso literário promovido nas instituições de ensino da região começou dia 15 de setembro, tem patrocínio da Petrobras, é correalizado pela USCS e DAE (Departamento de Água e Esgoto) com o apoio da Ecovias. As melhores redações serão premiadas com computadores, televisores e bicicletas. Já o prêmio máximo será uma bolsa de estudos integral na USCS, em qualquer curso. Participaram do programa alunos de 5ª a 9ª séries do Ensino Fundamental, inclusive EJA (Educação para Jovens e Adultos), da 1ª a 3ª série do Ensino Médio, além de Telesalas. A premiação e a festa de encerramento será feita dia 23 de novembro, no Teatro Paulo Machado de Carvalho, em São Caetano.

REPERCUSSÃO - A disseminação do crack entre todas as classes sociais e especialmente o aumento do uso da droga entre jovens da classe média motivou a escolha do tema deste ano, que teve aceitação máxima nas escolas. O objetivo da iniciativa também é estimular a criação de políticas públicas de saúde voltadas à erradicação do problema, bem como sua difusão progressiva e consequências irreparáveis em famílias. O assunto, inclusive, foi constantemente pauta das campanhas eleitorais dos candidatos à presidência da República, Dilma Rouseff (PT) e José Serra (PSDB). Em seu discurso de vitória feito no domingo, a petista firmou compromisso com o combate ao crack e extermínio das cracolândias dos centros urbanos.

A falta de um registro preciso dos perfis dos usuários de crack no Brasil também tem preocupado as autoridades. Por isso, o Ministério da Saúde informou no mês passado que pretende divulgar até o início do ano que vem os resultados de um estudo que está desenvolvendo nas cidades de Macaé, no Rio de Janeiro, e em Salvador, na Bahia. De acordo com o ministério, essas cidades foram escolhidas porque já desenvolviam atividades nessa área, promovidas pelas universidades federais dos dois Estados (UFRJ e UFBA). A intenção é direcionar de forma mais eficiente as ações do Plano de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas, que está recebendo R$ 140,9 milhões em verbas federais.

Informações técnicas foram bastante utilizadas

Durante o trabalho de correção das redações, alguns procedimentos chamaram atenção do professor Antonio Fernando Gomes Alves, do Proeduc (Programa de Extensão), coordenador das atividades na USCS. "Embora seja um tema contemporâneo, as observações são mais impessoais e técnicas. A maioria não segue a linha de raciocínio e deixa de aprofundar o tema. Os alunos do Ensino Médio conseguiram trabalhar melhor as informações", afirmou o docente, responsável pelos 150 universitários envolvidos na correção das redações. Ao todo, 96.500 já foram corrigidas e 22.900 ainda estão em posse dos universitários, que se inscreveram voluntariamente para participarem do processo. Eles atribuem nota de 0 a 5, onde 0 é considerado péssimo e 5 ótimo.

Apesar de o tema abordado nas atividades ser o crack, muitos jovens citaram o consumo excessivo de cigarro e álcool para explicar a origem do vício em drogas consideradas mais pesadas. "Acaba virando consequêndia", comentou o professor, que sugere mudanças para que as informações dissipadas atinjam os jovens. "É preciso investir no corpo docente das escolas e englobar a família no processo educativo. O aluno com certeza se conscientizará do mal causado", explicou.

A coordenadora do Ensino Fundamental da Escola Estadual Professor José Brancaglione, na Vila Suíça, em Santo André, valoriza a integração do debate entre pais e filhos. "Quando a intenção é ajudar, os pais sempre estão de acordo. Eles aceitaram bem o tema, participam efetivamente da educação dos filhos e dão importância às parcerias educativas feitas pela escola."

Durante os 29 dias de provas, o tema Crack, Tô Fora! foi citado como grande reforço para alavancar as propostas pedagógicas das instituições. Aliado a programas preventivos como o Proerd (Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência) desenvolvido pela Polícia Militar do Estado de São Paulo, o tema do concurso literário foi regularmente citado por coordenadores e diretores como fator enriquecedor do conteúdo preventivo ensinado aos alunos sobre o uso de entorpecentes.

Dezenas de escolas também aproveitaram o ensejo para criar discussões a respeito dos malefícios causados pelo uso do crack, dando segmento a um trabalho que eventualmente não teve continuidade antes do Desafio. Para completar a grade curricular das escolas, professores pediram aos alunos os rascunhos das produções, que posteriormente foram transformados em atividades valendo nota.

A discussão contínua promovida nas escolas da região foi determinante para aperfeiçoar o conhecimento que crianças e adolescentes tinham acerca do crack, que hoje é consumido por 8,6% dos jovens brasileiros entre 9 e 18 anos.




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