A arte não é invenção de apenas uma pessoa. Começou a nascer no século 15 nas luxuosas comemorações da nobreza na Itália, como as que aconteciam no palácio da Família Médici. O primeiro bailado conhecido foi apresentado em 1459, durante festa de casamento. Balé vem justamente da palavra italiana ballare, que significa dançar.

Mas foi na França, a partir do século 16, que de fato se desenvolveu. Quando a italiana Catarina de Médici casou com o rei francês Henrique II, levou a ideia dos espetáculos para a nova corte. Em 1581, a pedido dela, foi criado O Balé Cômico da Rainha. Com horas de duração, reunia números de dança, música, canto e poesia.

Naquela época, o balé era bem diferente. As pessoas dançavam com roupas grandes e pesadas, sapatos desconfortáveis e perucas. Também não existiam os passos de hoje. As mudanças vieram a partir do reinado do francês Luís XIV, um dos principais incentivadores da arte. Em 1661, fundou a Academia Real de Dança, que se transformou no famoso Balé da Ópera de Paris. Lá as posições de pernas e braços e passos foram inventados. É por isso que a maioria deles tem nome francês (como plié, que significa flexão das pernas).

O tutu (pronuncia-se titi; é a roupa da bailarina) surgiu apenas no século 19. Era como um vestido com saia comprida e leve, que facilitava os movimentos. Aos poucos, diminuiu até se tornar curtinho e armado (você já deve ter visto fotos).

No mesmo período apareceram as sapatilhas de ponta, que permitiam às bailarinas ficar sobre as pontinhas dos pés. Antes disso, elas usavam calçados flexíveis para executar o movimento. Imaginou a força necessária?

Bailarinos brasileiros se destacam no Exterior

Você já ouviu falar que os russos são os melhores bailarinos do mundo? Começaram a se destacar na arte após a chegada do francês Marius Petipa, em 1840, na Rússia. Ele criou alguns dos balés mais famosos, como Dom Quixote (1869), A Bela Adormecida (1890) e O Lago dos Cisnes (1895). O país também possui duas das mais importantes companhias: o Balé Bolshoi e o Balé do Teatro Mariinsky, conhecido como Kirov.

Os russos continuam excelentes, mas em todo o mundo há bailarinos muito talentosos, e os brasileiros estão entre eles. Um dos profissionais de maior destaque internacional da atualidade é o amazonense Marcelo Gomes. Começou a dançar aos 5 anos. Na adolescência, ganhou bolsas de estudos para fazer balé fora do Brasil. Até que aos 17 anos entrou para o American Ballet Theater, em Nova York, onde ocupa o posto de primeiro bailarino (o mais importante) desde 2002.

Bastante respeitados no Exterior, os cariocas Thiago Soares e Roberta Marquez também são primeiros bailarinos do Royal Ballet, em Londres, na Inglaterra. E ninguém pode esquecer de Ana Botafogo. Primeira bailarina do Theatro Municipal do Rio de Janeiro desde 1981, dançou em diversos países. Até hoje encanta o público com seu carisma e poder de dar vida às personagens que interpreta.

Saiba mais

- La Fille Mal Gardée (A Filha Mal Guardada, em francês) é a história de balé mais antiga e ainda apresentada pelas companhias de dança. Criada pelo francês Jean Dauberval, estreou em Paris, em 1789. Na trama, a arteira Lisa sonha se casar com o camponês Colas.

- A belga Marie-Anne de Cupis de Camargo, conhecida como La Camargo, foi importante bailarina do século 18. Causou polêmica quando encurtou um pouquinho a saia de seu vestido para facilitar a execução dos passos e permitir que vissem seus pés. Também tirou o salto do sapato para dançar melhor e aperfeiçoou saltos que eram feitos apenas por homens.

- Evander Holyfield é um dos boxeadores pesos-pesados mais famosos do mundo, vencedor de quatro títulos mundiais na categoria. O segredo do sucesso? Aulas de balé e  alongamento. Holyfield precisava de algo que o diferenciasse dos demais pugilistas. Então, buscou a dança para adquirir mais flexibilidade e equilíbrio. Deu certo!

Luiza Nascimento de Araújo, 11 anos, de Santo André, faz balé clássico desde os 4 anos e admira muito a arte. Seu bailado preferido é A Bela Adormecida, que estreou no palco russo em 1890. A menina começou a dançar nas pontas dos pés neste ano. "Dói um pouco, mas é sacrifício que toda bailarina tem de passar se é o que realmente quer fazer."

Fontes: Balé - Uma Introdução Para Crianças (Laura Lee e Meredith Hamilton, Panda Books, 96 págs.) e Outros Contos do Balé (Inês Bogéa, Cosac Naify, 88 págs.).