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Pais de jovem assassinado processam governo do RS
Do Diário do Grande ABC
31/05/1999 | 20:46
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Pais de dois jovens mortos ano passado pela Brigada Militar e sem condiçoes financeiras de sobreviver com as ameaças que sofrem, Otomar Konrad e Vani Rodrigues ingressaram nesta segunda-feira na Vara da Fazenda Pública com açao de indenizaçao por danos morais e patrimoniais contra o governo gaúcho, no valor de R$ 5 milhoes 780 mil.

Na açao, em que serao citados o governador Olívio Dutra (PT) e o Procurador-Geral do estado, Paulo Torelly, os advogados do casal, Ademir Campana e Mara Sarquiz, solicitaram à justiça tutela antecipada (espécie de liminar) para pagamento imediato da indenizaçao.

O objetivo é permitir a Otomar, Vani e os cinco filhos sobreviventes iniciarem nova vida e se mudarem da Vila Kephras, em Novo Hamburgo, onde nesse ano de 1999, já no novo governo, houve ameaças de morte por bilhetes e até por um tiro contra a casa de Otomar, desferido por desconhecido, depois que a família denunciou o assassinato dos filhos no ano passado.

Otomar conta nao ter mais condiçoes de sustentar a família porque o armazém que gerencia quase nao tem mais clientes, temerosos pela presença de um carro da polícia civil, onde grupos de dois agentes se revezam a cada oito horas na proteçao da família Konrad. ``Quero segurança, mas tenho direito de viver e trabalhar', frisou Otomar.

Execuçao - O presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, Jair Krischke, disse que há dois meses procurou o secretário substituto de Segurança, Lauro Magnago, pedindo ``socorro para a família Konrad', cuja luz da casa havia sido cortada. Solicitou também uma cesta de alimentos, igualmente negada.

Jair se baseava em lei estadual, já promulgada por Olívio Dutra, que prevê a obrigaçao do estado de proteger vítimas da violência e testemunhas. Mas o secretário substituto de Segurança, Lauro Magnago, alegou nao ter meios de aplicaçao prática da lei por falta de rubrica ou previsao orçamentária.

``Essa lei portanto é uma ficçao legal', reclamou Jair, ironizando que o apoio do governo petista aos Direitos Humanos é ``um apoio literário'. A origem do caso Konrad foi a morte de um dos filhos de Otomar e Vani (hoje separados), Odair, em outubro do ano passado pelo policial militar Adelar Weber. No dia 15 de dezembro Adelar foi morto, conforme a acusaçao, por vingança, pelo irmao de Odair, Geovane, de 14 anos.

Caçado pela Brigada Militar, Geovane foi localizado e executado a tiros num sítio em Rolante, 100 km distante da jurisdiçao dos dois cabos e cinco Pms que o encontraram e mataram. Os sete Pms respondem processo pela execuçao do menor.

``Minha vida virou um inferno', contou Otomar, sobre ameaças de morte que recebeu, passagem de viaturas da BM em frente a sua casa com ameaças veladas, etc. O pedido de segurança de vida foi cumprido pela polícia civil, que nesse verao, por alguns dias, deixou de fazer a guarda, período em que houve um tiro contra a casa de Otomar. ``A vida ficou horrível', confirmou dona Vani.

Os R$ 5 milhoes pedidos na açao foram por danos morais e os restantes R$ 780 mil, por danos patrimoniais: Geovane, que era operário, poderia receber R$ 1 mil mensais como operário especializado (salário na empresa em que trabalhava) por 65 anos, previsao média de vida dos brasileiros.




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