O ex-campeão brasileiro e sulamericano de pugilismo, Lindoarte Nunes Patriota, 56 anos, foi morto em uma emboscada feita por dois homens, às 20h desta quarta-feira, na Associação dos Funcionários Públicos de Diadema, onde ele ensinava boxe para crianças e pessoas carentes do município. Na troca de tiros – o ex-pugilista também estava armado –, um aluno de Patriota, Flávio Vieira Lotti, 34, acabou atingido por três disparos e também morreu. Cláudio Manoel Santiago, 24, o Cacau, um dos homens que armou a emboscada, foi morto por Patriota. Cacau era suspeito de ter matado um policial militar em São Paulo. Cerca de 20 tiros foram disparados no local, onde 30 pessoas faziam aula de boxe.

Cacau e um outro homem chegaram à academia de boxe, na associação, e começaram a bater em um saco de areia, usado nos treinamentos. Os dois diziam querer aprender a lutar. Naquele momento, Patriota saiu do fundo da academia e se dirigiu aos dois estranhos.

Patriota ainda chegou a pedir para Luis Tavares Sobrinho, 43 anos, um de seus alunos, para que fizesse o cadastro dos dois. Quando o treinador chegou para conversar, Cacau sacou uma pistola calibre 9 mm e deu um tiro no rosto do treinador, que atravessou de um lado a outro.

Tavares ainda acertou um soco em Cacau, que caiu desmaiado. Patriota sacou dois revólveres calibre 38, que carregava na cintura – mesmo atingido pelo tiro no rosto – e, já caído no chão, baleou várias vezes o atirador.

O outro bandido que acompanhava Cacau sacou uma pistola e atirou duas vezes contra Patriota. Um dos tiros atravessou uma carteira grossa, que estava no bolso da camisa do treinador e se alojou no coração. O segundo tiro acertou o ombro do ex-campeão, além de ferir Tavares.

Acredita-se que o outro atirador também tenha sido baleado no braço por Patriota. Ele ainda teria tentado salvar Cacau, mas desistiu e fugiu. Foi o foragido que acertou quatro tiros em Lotti, que estava treinando no ringue, montado nos fundos da academia.

A mulher de Lotti, Francisca Silvérica Cordeiro da Silva, 32 anos, está grávida de sete meses. “Tenho outros três filhos. Com meu marido, a vida já era difícil; sem ele, não sei como vai ser.”

Na carteira, Patriota carregava uma carta endereçada para uma pessoa conhecida como Bigode – possível mandante do crime. O treinador teria pedido para Bigode não andar com um grupo de pessoas, que estaria ameaçando o treinador e sua família. Patriota dizia não temer o grupo e que estava pronto para um conflito. “Ele sabia que isso iria acontecer, tanto que estava armado com dois revólveres”, disse Francisco Sales Patriota, 50 anos, irmão do ex-pugilista.

Sales afirmou que o filho de Patriota, Leandro Carvalho Patriota, 18 anos, foi morto por um grupo de traficantes da Cidade Júlia, em São Paulo, no dia 7 de dezembro do ano passado.

“Meu irmão não se conformou com a morte do filho. Não adianta negar. Todo mundo sabe. Ele conhecia um pessoal, que acabou acertando cinco homens do bando que acertou Leandro. Aí, virou uma rixa”, explicou Sales.