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A desfaçatez parece não encontrar limites em São Caetano. O prefeito José Auricchio Júnior e o presidente da Câmara, Pio Mielo, ambos do PSDB, formaram consórcio político destinado a criar condições para que todos os apaniguados do governo se locupletem dos recursos públicos enquanto a população é submetida aos drásticos efeitos de uma rigorosa contenção de gastos. Pacote de privilégios que deve ser aprovado hoje cria mais duas cadeiras no Poder Legislativo, elevando o número de vereadores para 21, e institui o pagamento de 13º salário e um terço de férias aos legisladores. As medidas, que passarão a valer em 1º de janeiro de 2025, custarão R$ 3,6 milhões por ano para o contribuinte.
A Câmara são-caetanense vota as propostas menos de um mês depois que o prefeito decidiu bloquear R$ 83,7 milhões do Orçamento com a justificativa de proteger o município da “insegurança para as finanças públicas” provocada pelos reflexos da pandemia do novo coronavírus, da guerra entre Rússia e Ucrânia e da troca no comando dos governos estadual e federal. Ou seja, a dupla Auricchio & Pio argumenta que é preciso reduzir os investimentos na cidade por causa da crise financeira, mas, por outro lado, não vê problema em aumentar os gastos com os vereadores. Ou seja, no entender do prefeito e do presidente do Poder Legislativo, a conta deve ser integralmente paga pelo povo.
Na data em que anunciou o contingenciamento das despesas do Orçamento, o chefe do Executivo fez discurso assegurando que áreas estratégicas, como a educação, não seriam atingidas pelo corte de verbas – no entanto, escolas da cidade estão sem serviço de elevador por falta de manutenção nos equipamentos. Às vésperas do Carnaval, Auricchio, Pio Mielo e os demais vereadores governistas resolveram botar o bloco na rua, todos eles fantasiados de Robin Hood às avessas – diferentemente do personagem dos livros de aventura, essa turma tira dinheiro dos pobres para entregar aos donos do poder. E, neste caso, respaldada pelo império das leis. Leis que, diga-se, eles mesmos aprovam.
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