Em protesto contra a reorganização escolar, jovens mantêm unidades limpas e com atividades
O manifesto contra a reorganização da rede estadual de ensino em forma de ocupação de algumas escolas segue no Grande ABC de forma ordenada. Segundo a Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), a situação ocorre em 13 unidades da região. Isso porque na EE Oito de Abril, no Jardim do Estádio, em Santo André, alunos iniciaram movimento para a ocupação, mas o ato não se concretizou.
O clima nas instituições é de tranquilidade e a permanência dos jovens ocorre de maneira organizada. Na tarde de ontem, na EE Maria Aparecida Damo Ferreira, no Jardim Guapituba, em Mauá, ocupada desde a noite de quinta-feira, alunos jogavam pingue-pongue, futebol e faziam cartazes com reivindicações. Ao longo do dia, uma média de 50 estudantes passam por lá e 25 dormem no local – todos autorizadas pelos pais ou responsáveis.
A turma vem recebendo mantimentos, água, gás e até um fogão de doação da comunidade. Integrantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) procuraram os alunos para juntar-se à ocupação, mas a proposta não foi aceita. “São causas diferentes. Eles lutam por moradia, nós estamos lutando por Educação”, frisou a estudante do 2º ano do Ensino Médio, Nathalia Bermudes Farias, 16 anos, acompanhada da mãe, Karina Bermudes Martins, 35, que estudou toda a infância e adolescência na escola.
Em Santo André, na EE 16 de julho, no Centreville, tudo também ocorre da mesma forma. Os alunos fazem questão de mostrar que a despensa da escola está trancada e todo o alimento que consomem é comprado com o próprio dinheiro ou é fruto de doações. Eles também têm priorizado o zelo com a escola. “Nunca vi esta escola tão bem cuidada antes”, destacou o aluno do 2º ano do Ensino Médio João Victor Paixão, 17.
O técnico em mecatrônica Rogério Augusto Lopes, 35, tem acompanhado os filhos Leandro, 10, Giovana, 14, no movimento. O pai também leva consigo a filha mais nova Pyetra, 2. A iniciativa despertou a contrariedade da avó paterna dos alunos, mas ele argumenta que, mesmo com a discórdia, manterá o apoio. “Acredito nessa luta e quero o melhor para os meus filhos.”
De acordo com a Apeoesp, são 82 escolas ocupadas e todo o Estado.
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