Projeto, necessário para agilizar transplantes, foi protocolado há mais de um ano no Consórcio
O Grande ABC aguarda há mais de um ano posicionamento sobre a viabilidade de instalação de OPO (Organização de Procura de Órgãos), equipe multidisciplinar que se dedica exclusivamente e por 24 horas à captação de órgãos para doação.
Em maio de 2017, a presidente do Ipes (Instituto de Pesquisa em Saúde), a servidora aposentada Wilma Maria de Moraes, 59 anos, apresentou ao Consórcio Intermunicipal do Grande ABC projeto de instalação da central. “Acordamos que a solicitação seria enviada ao governo estadual, mas desde então não houve retorno”, lamentou. O instituto atua desde 2010 na orientação, informação e encaminhamento de pacientes que aguardam por transplante.
Em nota, o Consórcio confirmou que foi enviado em 23 de maio de 2017 ofício à CET (Central Estadual de Transplantes) solicitando análise da viabilidade para a implementação da iniciativa, mas não foi localizada resposta ao documento. Entretanto, a Secretaria do Estado da Saúde, por sua vez, informou que, até o momento, não recebeu a solicitação. Segundo a Pasta, existem dez OPOs no Estado e o Grande ABC tem como referência a equipe ligada à Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
A criação de OPO no Grande ABC é fundamental para ampliar a quantidade de transplantes na região, argumentou Wilma. A aposentada explicou que as CIHDOTTs (Comissões Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante) são formadas por funcionários das próprias unidades de Saúde e, não raro, os profissionais precisam escolher entre a manutenção de potencial doador (paciente com diagnóstico de morte encefálica) e atender pessoa viva. “Claro que o atendimento ao vivo deve ser priorizado, mas isso não seria problema se existisse a OPO”, destacou.
Wilma argumentou que aguardar a equipe que vem de São Paulo representa perda estimada de 30% a 40% de órgãos que poderiam ser aproveitados. “O tempo é fundamental. A entrevista com as famílias, o convencimento pela doação, são coisas que demoram e isso tudo pode comprometer o processo”, declarou. “A fila pelo transplante é a fila da agonia”, completou. Dados do governo estadual indicam que, de janeiro a agosto, 273 moradores das sete cidades passaram pelo procedimento.
O motorista Luiz Alexandre de Oliveira, 52, há nove anos se submete a sessões de hemodiálise e aguarda pelo transplante de rim. A mulher de Oliveira, Rosa Aparecida Oliveira, 52, relatou que foram muitos os momentos de desânimo durante este período. “Ele volta triste da clínica, realmente frustrado pela demora”, declarou a companheira.
CAMPANHA
O Dia Nacional do Doador de Órgãos e Tecidos é celebrado hoje. O CHM (Centro Hospitalar Municipal) Dr. Newton da Costa Brandão, em Santo André, promove, neste mês, a campanha Setembro Verde para conscientizar sobre a importância da doação de órgãos. Além de iluminação verde, unidade conta com cartazes em seu interior.
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