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Respeito 365 dias no ano

No mês em que se comemora o orgulho LGBTQIA+, lideranças e movimentos sociais do Grande ABC cobram políticas públicas para essa população durante o ano todo

Aline Melo
28/06/2021 | 07:37
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André Henriques/ DGABC


Junho é o mês do orgulho LGBTQIA+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transsexuais e Transgêneros, Queer, Intersexo, Assexuais, entre outras orientações sexuais, identidades e expressões de gênero). Hoje, dia 28, é celebrado o Dia do Orgulho, em alusão ao episódio ocorrido em 1969, quando gays, lésbicas, travestis e mulheres trans reagiram à violência da polícia em um bar de Nova York, o Stonewall, em um movimento por igualdade que ganhou o mundo. Integrantes de movimentos sociais que atuam com essa população no Grande ABC lembram que é preciso respeito e políticas públicas o ano todo.

Presidente da ABCDS (Ação Brotar Cidadania e Diversidade Sexual), Marcelo Gil afirmou que há anos é esperada a implementação de uma coordenadoria na Prefeitura de Santo André, cidade sede da ONG. “A gente está há muito tempo batendo nessa mesma tecla”, pontuou. Para Gil, sem a coordenadoria, não haveria efetividade para um conselho municipal de direitos da população LGBT, pois não teria como direcionar as demandas.

“Precisamos de programas na área de saúde, não apenas para tratamento de IST (Infecções Sexualmente Transmissíveis) e Aids. Programas de educação, muita ênfase na segurança, porque tem aumentado os casos de violência doméstica contra essas pessoas”, completou.

Presidente da Casa Neon Cunha, de São Bernardo, Paulo Araújo apontou como demanda urgente a criação de um conselho municipal de direitos da população LGBT, além da criação de um ambulatório especializado para a população, com tratamento hormonal para pessoas transgêneras. “Precisa também de qualificação constante dos servidores e de vontade política”, pontuou.

Coordenador do núcleo LGBT do Coletivo Juventude por mais Direitos de São Caetano, Lucas Rafael Alves também cobrou o ambulatório especializado na cidade, além de uma grade curricular que contemple educação sexual e de gênero. “É preciso diálogo. Uma audiência pública, um debate on-line, tudo isso pode trazer a sociedade civil para participar das discussões”, destacou. “Não queremos que se lembrem da gente apenas uma vez por ano, apenas como entretenimento. Precisamos debater questões reais, como o subemprego para pessoas trans”, apontou.

Presidente da Associação Viva a Diversidade, de Diadema, Robson de Carvalho destacou a necessidade de apoio para que a população LGBT, em especial as pessoas trans, possam concluir os estudos e ter acesso a cursos de formação, como forma de inseri-las no mercado de trabalho e combater a vulnerabilidade. A Prefeitura vem discutindo com a associação a criação de coodenadoria e, segundo Carvalho, o diálogo tem sido feito com diversas secretarias.

Presidente da ONG Atravessa e diretora da Casa Atravessa, serviço de acolhimento para LGBTs em Mauá, Samara Arkcelio destacou a importância de ter representantes no Legislativo, como o vereador Marcio Araújo (PSD), primeiro vereador assumidamente gay a ser eleito na região. “A sociedade civil se organizou em torno desse apoio e agora temos uma pessoa para nos ajudar a encaminhar demandas”, afirmou. Samara destacou ações de saúde, como o ambulatório de especialidades, e de geração de emprego e renda, como as principais urgências da cidade.

Integrante do Conselho Municipal de Atenção à Diversidade Sexual de Ribeirão Pires, Marcela Marques também apontou a sensibilização dos servidores públicos, educação sobre diversidade e mais oferta de atendimento em saúde como demandas principais, especialmente relacionada à saúde mental e à hormonização.

Presidente do GAD (Grupo de Apoio à Diversidade), que atua em Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, Wagner Lima destacou que Rio Grande da Serra começou, em 2019, projeto para aumentar a oferta de informações e atendimentos à população LGBT vítima de violência, mas o processo acabou sendo interrompido pela pandemia. “Precisamos da implementação do conselho municipal, que já foi aprovado pela Câmara”, citou.

Instituições mobilizam doações para vulneráveis

A pandemia de Covid-19 tem agravado a situação de vulnerabilidade da população LGBTQIA+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transsexuais e Transgêneros, Queer, Intersexo, Assexuais, entre outras orientações sexuais, identidades e expressões de gênero) no Grande ABC, em especial das pessoas trans. Movimentos sociais e instituições têm se organizado para efetuar doações, ações de empregabilidade e acolhimento em toda a região.

Em Santo André, a ONG (Organização Não Governamental) ABCDS (Ação Brotar Cidadania e Diversidade Sexual) recebe doações de cestas básicas, alimentos e produtos de higiene e limpeza, que são repassados para pessoas em situação de vulnerabilidade. A ONG conta também com atendimentos jurídico e psicológico. Doações podem ser entregues na Rua Las Palmas, 91, ou agendadas para retirada pelo número de WhatsApp 98567-5530, de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h.

Em São Bernardo, a Casa Neon Cunha também organiza a doação de cestas básicas, alimentos e materiais de limpeza e higiene. A instituição está montando uma casa para abrigo para pessoas que perderam suas moradias devido ao desemprego ou que foram expulsas por suas famílias. Doações em espécies podem ser feitas por meio da chave PIX 3721113100128. Mais informações por meio do telefone 97640-7618.

A Associação Viva a Diversidade, de Diadema, está com uma campanha de arrecadação para aluguel de uma sede própria. A entidade tem auxiliado as pessoas com doações de alimentos, itens de higiene e limpeza e roupas, além de atendimento psicológico e auxílio para elaboração de currículo e envio para empresas. Informações podem ser obtidas pelas redes sociais da associação ou no site www.vivaadiversidade.com ou pelo e-mail diademadiversidade@yahoo.com.br.

A ONG Atravessa, de Mauá, também tem organizado doações de alimentos e materiais de higiene e limpeza, além de manter uma casa de acolhida para a população trans. Doações para implementação dos projetos podem ser feitas pela chave PIX 11972718866.

VAQUINHA
A professora da rede estadual de ensino em Santo André Hainra Asabi, 40 anos, aguarda há três anos por um sonho: realizar a cirurgia de redesignação sexual. Hainra é uma mulher trans e, assim como tem feito tratamento hormonal para adequar a sua aparência à sua identidade de gênero, tenta fazer a cirurgia que vai, definitivamente, fazer com que ela se sinta em paz consigo mesma.

Três anos é o tempo que ela está na fila do SUS (Sistema Único de Saúde), espera que pode passar de oito anos. Para pode custear a cirurgia, ela tem feito entregas on-line e lançou vaquinha virtual. Quem puder colaborar com qualquer valor, pode doar pela chave PIX 11941772859.

Apenas Ribeirão Pires conta com conselho de diversidade

No Grande ABC, apenas a cidade de Ribeirão Pires conta com um conselho municipal que tem como foco questões relativas à população LGBTQIA+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transsexuais e Transgêneros, Queer, Intersexo, Assexuais, entre outras orientações sexuais, identidades e expressões de gênero). Trata-se do Comads (Conselho Municipal de Atenção à Diversidade Sexual),

Santo André criou há oito meses um grupo técnico que vem planejando e produzindo respostas de atendimento para a população de travestis e transexuais na área da saúde. A cidade realiza hoje, às 14h, live abordando o tema Ser LGBTQIA+ e viver com HIV – Desconstruindo Estigmas.

São Bernardo afirmou que discute no âmbito do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC ações para essa população na região; que disponibiliza em seu site informações sobre diversidade sexual; e que a Secretaria de Cidadania e da Pessoa com Deficiência desenvolve de forma permanente ações voltadas ao público LGBTQIA+.

Diadema destacou que mantém diálogo constante com a Associação Viva a Diversidade e que planeja a criação de um ambulatório de atendimento integral à saúde para travestis e transexuais na cidade, bem como a criação de uma coordenadoria voltada a este público dentro da gestão – fato que depende da aprovação pela Câmara da reforma administrativa para sair do papel.

As outras cidades não responderam.  




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