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Cores e formas de Aldemir Martins entram em exposição
Gislaine Gutierre
Do Diário do Grande ABC
23/06/2005 | 08:19
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Um dos maiores artistas brasileiros vivos, Aldemir Martins, 82 anos, ganha a partir de quinta-feira uma retrospectiva com 192 obras no Masp (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand). A mostra, intitulada Aldemir Martins por Aldemir Martins – Sete Décadas de Sucessos Artísticos – 1945-2005, abre nesta quinta-feira para convidados – a partir de sexta-feira para o público – e fica em cartaz até 28 de agosto.

Simultaneamente é lançado um livro homônimo (BestPoint Editora, 256 págs.) que trata sobre vida e obra do talentoso cearense. O prefácio é assinado por Emanoel Araújo, também artista plástico.

Exposição e livro resultam de entrevistas com o artista e de uma ampla pesquisa realizadas ao longo de três anos. A publicação foi coordenada pelo jornalista Benemar Guimarães, com colaboração de Umberto Mateus e dos dois filhos do artista, Pedro e Mariana Martins; já a curadoria da mostra foi realizada a seis mãos, com Guimarães, Mateus e o próprio homenageado.

Enquanto na luxuosa edição em papel as mais de 400 obras estão separadas conforme a década em que foram criadas, na exposição o público verá 136 pinturas e 56 obras sobre papel agrupadas de maneira temática. São, portanto, quatro “blocos”: Primeiros Anos (com as obras do início da trajetória artística), Animais (com seus famosos gatos, galos, corujas, peixes, caranguejos e outros), Figuras Humanas (cangaceiros, cenas cotidianas, trabalhadores, pescadores, mulheres, baianas, rendeiras e nus) e Natureza Morta e Paisagens (com frutas, vasos de flores, cactos com flores, praias, dunas, palmeiras e casario).

É uma boa oportunidade para conferir de perto todo o virtuosismo do traço de Aldemir Martins, cujo trabalho traz uma visão ímpar do Brasil, com suas cores vibrantes e personagens característicos do Nordeste do país.

Mesmo tendo saído de seu Estado natal, o Ceará, há 60 anos, Aldemir Martins sempre faz questão de reforçar os laços e o orgulho por sua origem. A reafirmação está nas obras e no discurso. No livro, cujo texto é contado em primeira pessoa, ele diz: “Vibrei, como vibro sempre, com o meu Ceará e o calor da gente nordestina que me aquece a cada dia”. Mais adiante, resgata outra citação sua feita em entrevista: “Olhe, me chamaram de mameluco, mas a melhor coisa que temos no Brasil é o Brasil”.

Curioso é que Aldemir Martins, e sua obra em retrospectiva, estarão justamente num local marcante do início de sua trajetória artística. Embora já fosse um artista premiado, foi no Masp, em 1949, que cursou História da Arte com Pietro Maria Bardi. No ano seguinte, fez também o curso de gravura ministrado por Poty Lazzarotto. Depois disso, o jovem, filho de uma índia bugre do Quixeramobim e de um funcionário público cearense, quase desconhecido quando chegou a São Paulo, conquistou o mundo com os traços e cores de um Brasil absolutamente genuíno. Um Brasil vibrante e colorido, ao alcance dos olhos na mostra do Masp.

Aldemir Martins por Aldemir Martins – Sete Décadas de Sucessos Artísticos – 1945-2005 – Exposição com 136 pinturas e 56 obras sobre papel. Abertura nesta quinta-feira, às 19h30, para convidados. Visitação de terça a domingo, das 11h às 18h. No Masp – av. Paulista, 1.578, São Paulo. Tel.: 3251-5644. Ingr.: R$ 10 e R$ 5 (estudantes com carteirinha UNE e Umes). A bilheteria fecha com uma hora de antecedência. Entrada franca para crianças com até 10 anos, maiores de 60 e alunos de escolas públicas agendadas.



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