O assoreamento é provocado pelo despejo de lodo com resíduos químicos (cobre, algas, carvão e ferro) provenientes do processo de tratamento de água feito na estação de captação do Rio Grande, no Riacho Grande. Diariamente, 1,7 mil litros de água com sulfato de alumínio e cloreto férrico em suspensão são bombeados sem nenhum tratamento para o lado da represa no qual não há captação de água. Uma barragem sob a Anchieta separa os dois lados.
Segundo a promotora de Meio Ambiente de São Bernardo, Rosângela Staurenghi, a poluição provocada pela Sabesp no braço da represa é maior do que a causada pelo esgoto dos bairros locais. De aspecto pastoso, os resíduos têm cor de ferro, cheiro forte e já exterminaram os peixes nesse braço do manancial. Em alguns trechos, o acúmulo deixou a terra negra e formou uma camada submersa de até cinco metros de profundidade.
O problema acontece há três décadas, mas só veio à tona apenas esse ano, quando o Ministério Público de São Bernardo instaurou, em abril, uma ação na Justiça contra a empresa.
O vice-presidente da Sabesp, Antônio Marsiglia Netto, admitiu a contaminação e não vê soluções para o problema até 2004. "Existe um contrato para a reforma da estação para aumentar sua capacidade de produção (veja reportagem ao lado). Vamos providenciar o tratamento do lodo e uma nova destinação, que poderia ser um aterro sanitário ou uma fábrica de tijolos."
Segundo Marsiglia, o alto custo da obra – cerca de R$ 20 milhões – teria impedido até agora a solução do problema. "Para fazer isso, teríamos de parar de abastecer o Grande ABC. O despejo é um mal menor. Mal maior é ficar sem água potável", afirmou. Ele também relacionou a falta de investimentos no tratamento do lodo à inadimplência de pagamento de água por parte dos municípios da região.
O lançamento dos resíduos da estação da Sabesp é feito por uma tubulação ligada diretamente à ETA (Estação de Tratamento de Água) Rio Grande, onde também é feito tratamento e a decantação (parte do processo de tratamento onde se forma o lodo) da água. Todos os resíduos vão parar do lado da represa – próximo à prainha do Riacho Grande. "O projeto de construção ficou para o final porque o tratamento do lodo do tratamento do esgoto é mais importante. Essa discussão já existe desde 1978. Em 2004, vamos secar o lodo na estação e, depois, transportá-lo em caminhões para os aterros. O impacto ambiental será muito menor", afirmou Marsiglia. Na Região Metropolitana, o tratamento do lodo é feito apenas nas estações do sistema Alto Tietê (região de Jundiaí). Nos demais oito sistemas, ele não existe.
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