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Número de adolescentes grávidas cresce 29% em um ano

Nos cinco primeiros meses, 782 meninas realizaram acompanhamento nas unidades municipais de saúde

Thainá Lana
Do Diário do Grande ABC
04/07/2022 | 00:01
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Claudinei Plaza/DGABC


Em apenas um ano, o número de crianças e adolescentes grávidas no Grande ABC aumentou 29%. Com exceção de Rio Grande da Serra, que não informou os dados, as demais cidades registraram 782 meninas, entre 10 e 18 anos, que realizaram acompanhamento pré-natal e parto nas unidades municipais de saúde da região, no período de janeiro a maio. No ano passado, os cinco primeiros meses contabilizaram 606 meninas que procuraram por assistência médica por gravidez. 

Do total das jovens grávidas em 2022, cerca de 89% têm de 15 a 18 anos e 11,2% estão na faixa etária de 10 a 15 anos. O cenário é mais alarmante quando são comparados os dados do ano passado por idade. Proporcionalmente, o número de meninas gestantes, que estão ainda ingressando na fase da adolescência, cresceu 39,6% em um ano – no total, 63 meninas, de 10 a 15 anos, realizaram acompanhamento nas unidades de saúde em 2021, enquanto neste ano o índice subiu para 88 jovens. 

Mauá é a cidade com maior número de casos, com 245 ao todo. Para combater a gravidez na infância e adolescência no município, a Prefeitura realiza encontros de conscientização voltados para as áreas da saúde e educação. No âmbito escolar, o Paço Municipal promove o PSE (Programa Saúde na Escola), no qual oferta rodas de conversa sobre sexualidade, métodos contraceptivos, apoio com palestras com profissionais de psicologia, enfermagem e odontologia. Nas consultas de rotina destinadas a adolescentes são abordadas informações sobre a prevenção da gravidez não planejada, ressaltando a dificuldade da adesão de consultas para esse público.

O ginecologista e obstetra Rogério Tabet destaca os impactos da gravidez precoce na saúde das jovens. “Podemos elencar os diversos riscos para a mãe e para o bebê. Parto prematuro, infecções, riscos de má-formação, aborto espontâneo, restrição no crescimento intrauterino e até morte materna e fetal devido à prematuridade extrema. O corpo de uma criança ainda não está preparado para gerar uma criança porque ainda está em desenvolvimento, tanto da parte anatômica, uterina, ovariana, da estrutura do assoalho pélvico, quanto da produção e manutenção hormonal da gravidez”, alerta Tabet.

O especialista explica que uma jovem está pronta para aguentar uma gestação sem altos riscos dois anos após a primeira menstruação. “Gravidez abaixo dos 15 anos é considerada de extrema periculosidade, inclusive com altos índices de mortalidade. Além da saúde física, é importante reforçar os impactos psicológicos que uma gravidez precoce provoca. É uma criança que engoliu a sua infância e passa a viver a fase de mãe. A jovem deu um salto na infância e isso gera consequências graves ao seu futuro, principalmente nas partes econômica, emocional e social”, pontua o ginecologista.

Especialista em direitos humanos e presidente da comissão de adoção e direito à convivência familiar de crianças e adolescentes da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de São Paulo, Ariel de Castro acredita que a promoção de educação sexual é uma das principais medidas para diminuir o número de gravidez na adolescência.

A educação sexual nas escolas, famílias e centros de saúde e comunitários seria a forma mais adequada para prevenção da gravidez precoce, assim como de abusos sexuais e doenças sexualmente transmissíveis. Educação sexual não significa que pais e professores ensinarão crianças e adolescentes a praticarem sexo. Pelo contrário. Irão ensinar e orientar sobre métodos contraceptivos, como evitar gravidez na adolescência, violências e opressões sexuais, assim como se prevenir e denunciar situações abusivas e violentas. 




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