Os CDs, deixados nas residências dos promotores Amaro José Thomé Filho, José Reinaldo Guimarães Carneiro e Roberto Wider Filho, não foram postados no Correio. “Encaminhamos esses CDs para o IC, com o objetivo de determinar a origem, saber onde eles foram feitos e por quem”, disse o promotor Thomé Filho. A solicitação foi feita ao diretor de Documentoscopia do IC, Carlos do Vale Fontinhas.
O diretor do IC mostrou-se cauteloso quanto às pistas que possam ser encontradas nos CDs, entregues a um perito em informática do instituto. “É prematuro falar em rastrear a origem”, disse. “Primeiro, é preciso ouvir horas e horas de gravações, até se ter uma idéia do que é possível levantar.” Segundo ele, o laudo pode demorar cerca de 30 dias.
Os CDs podem ter sido produzidos a partir das 42 fitas que foram consideradas ilegais pelo juiz João Carlos da Rocha Mattos. O magistrado, flagrado pela Operação Anaconda, foi acusado de pertencer a uma quadrilha que, envolvida em esquemas de corrupção, tinha como costume a venda de sentenças judiciais.
O juiz guardava as fitas, que traziam gravações originárias do grampo, na casa de sua ex-mulher, a auditora do Tesouro Norma Regina Emílio Cunha. Ela também está presa.
O promotor Thomé Filho disse que não sabe se o CD é proveniente de uma gravação oficial, feita efetivamente pela Polícia Federal, ou trata-se de uma falsificação. “De qualquer maneira”, ele adiantou, “não usaremos esse material clandestino.”
O representante do MP explicou que a Justiça precisa rever a decisão tomada pelo juiz João Carlos da Rocha Mattos. Se isso fosse feito, as fitas passariam a ser consideradas legais. “Somente depois dessa decisão da Justiça, nós solicitaremos à PF que nos envie a integralidade do material, de maneira lícita e correta. Antes disso, não há como utilizar o material clandestino.”
O uso das gravações ilícitas, segundo os promotores, “contaminaria” a investigação, tornando as provas ilegais.
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