“A mãe acredita que precisa ingerir mais leite do que antes para ter leite e amamentar o bebê por mais tempo. Ela nem imagina o que isso pode causar”, disse a chefe clínica neonatal do Mario Covas, Sandra Gianelo.
São as proteínas do leite (betalactoglobolina, alfalactoalbumina e cazeína) as motivadoras das reações alérgicas. “A mãe aumenta o consumo do leite e não tem enzimas suficientes para quebrar o excesso de proteínas”, explicou a coordenadora do banco de leite do HMU, Marisa da Matta Aprille.
As mães só percebem a alergia quando o bebê apresenta eczemas (manchas vermelhas na pele e casquinhas no couro cabeludo), asma ou problemas intestinais (inclusive sangramento). “A partir da suspensão do consumo de leite, a criança melhora em, no máximo, 72 horas.” Em geral, de 6% a 8% dos bebês desenvolvem problemas alérgicos durante a amamentação materna.
Segundo especialistas, na amamentação, a dieta da mulher não deve mudar em nada. Aumentar o consumo de leite de vaca e seus derivados, comer canjica e excluir completamente do cardápio alimentos gordurosos, como chocolate e amendoim para ter mais leite é pura crendice popular. Nesta fase, apenas cigarro, bebidas alcoólicas e demais drogas são proibidos. De resto, a mulher pode comer de tudo, basta evitar excessos.
“O importante é que a mãe mantenha os hábitos da gestação. Se comia pimenta, deve continuar comendo. Se não bebia leite, não tem por que passar a beber”, disse Sandra, do Hospital Mario Covas. O que não pode é exagerar na dose. “Coca-cola, café e chocolate quando consumidos em grande quantidade deixam o bebê agitado, mas isso não significa que a mãe deva evitar os alimentos. Basta consumi-los moderadamente.”
Alergia – A bióloga Soraia Jarrouche Orra, 33 anos, só descobriu que seu filho Ahmad, hoje com 1 ano, era alérgico ao leite de vaca quando o bebê estava com 4 meses. “Com 2 meses ele começou a ter dermatite seborréica. Depois apresentou lesões no pescoço que minavam água e as bochechas ficavam constantemente irritadas.”
Soraia, que nunca teve o hábito de beber leite, havia incluído boas doses do alimento na sua dieta diária. “Também passei a comer mais queijo.” O objetivo da bióloga era balancear a perda de cálcio que a mulher naturalmente tem durante a amamentação.
Aos 4 meses de Ahmad, além das lesões, seu filho começou a perder peso por causa de alterações no funcionamento do intestino. O médico pediu para ela complementar a amamentação com o leite em pó. Foi quando Soraia decidiu procurar ajuda de um especialista em aleitamento materno. “Quando cheguei, a doutora perguntou se eu tinha alergia a algum alimento. Disse que não. A segunda pergunta foi se o leite causava alguma alteração.” Segundo ela, o leite sempre fora um alimento evitado por lhe causar diarréia. “Cortamos o leite e derivados da minha dieta e em 72 horas o Ahmad não tinha mais nada.”
Soraia alimentou seu filho exclusivamente com o leite materno ainda por dois meses. “Ele mama até hoje. Come de tudo e nunca mais teve problemas. É forte e saudável e a alergia desapareceu.” Mamadeira para o bebê, nem pensar. O leite foi abolido da dieta de Ahmad.
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