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Investidor aplica em salas de escritórios

No Grande ABC, mercado está em expansão; novos imóveis
comerciais registram mais de 70% das vendas de investimento

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
20/04/2013 | 07:14
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Divulgação/MBigucci


O mercado de salas de escritórios, que vem em forte expansão no Grande ABC, tem atraído investidores interessados em aplicar recursos nesse segmento, de olho no retorno futuro, com a locação do imóvel ou a venda após alguns anos. Empresas do setor atestam que parcela significativa (de mais de 70%) das vendas desses espaços tem sido abocanhada por esse público, que busca fugir do baixo rendimento das aplicações financeiras tradicionais.

Aparecido Viana, que tem imobiliária e construtora em São Caetano, estima que esses imóveis, em muitos casos, geram retornos que variam entre 0,6% a 0,7% sobre o capital investido mensalmente. "É um belo rendimento, se comparado com a caderneta de poupança, que rende 0,4% ao mês", observa o executivo.

O foco de interesse é sobretudo por empreendimentos que têm proximidade com bairros residenciais e que reúnem escritórios, comércio e restaurantes, centros de convenções etc. "Esse conceito agrega valor a esse tipo de produto", assinala a diretora adjunta da regional do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de São Paulo), Rosana Carnevalli.

A representante da entidade acrescenta ainda que o crescimento da economia e a expansão do setor de serviços também colaboram para o incremento do volume de lançamentos nessa área na região. Com isso, os imóveis corporativos novos postos para comercialização, que cresceram 43% no ano passado frente a 2011, devem continuar em alta neste ano conforme destaca a diretora do SindusCon.

Empreendimento lançado em outubro do ano passado pela MBigucci, o Marco Zero, localizado na Avenida Kennedy, esquina com a Avenida Senador Vergueiro, em São Bernardo, é um exemplo da disposição dos investidores em aplicar seu capital no segmento. Cerca de 70% das salas comerciais desse espaço foram adquiridas por investidores. Além deste, a construtora está lançando outro imóvel com perfil semelhante, a torre Wynn Tower, no bairro Rudge Ramos, e já tem 70% do espaço vendido, em grande parte para esse público, cita o diretor de vendas da empresa, Robson Toneto.

ESTRUTURA - Com a expectativa de chegada, até 2015, da Linha Bronze do Metrô, que passaria a 800 metros do Marco Zero, o empresário José Antônio Pires, morador de São Bernardo, adquiriu seis salas no complexo no ano passado.

Ele calcula que, após a conclusão da via de acesso, a valorização será de 20% a 30% do que ele está aplicando durante a fase das obras - que somam, à vista, R$ 1,8 milhão. "Comprei com a intenção de esperar a valorização, depois vou ver se vendo ou se coloco para locação", diz. Em relação a esse empreendimento, Toneto afirma que salas adquiridas na época do lançamento, em outubro, já estão sendo revendidas por investidores na faixa dos R$ 10 mil o metro quadrado, ou seja, 25% de ganho.

 

Zoneamento será limitador de expansão do mercado

Apesar da tendência de valorização do mercado de salas de escritórios e também dos imóveis corporativos (voltados a grandes empresas, em que se exige pisos de mais de 500 m², ar-condicionado central e pé-direito elevado), há um entrave ao crescimento desse segmento na região: as restrições impostas por novas leis de zoneamento de municípios da região, que reduziram o índice de aproveitamento dos terrenos (em São Caetano, por exemplo, o índice caiu pela metade, de seis para três vezes o tamanho do terreno).

Essa é a avaliação de representantes dos setores imobiliário e da construção civil. Segundo a diretora adjunta do SindusCon-SP, Rosana Carnevalli, os empreendimentos desse tipo exigem áreas maiores de estacionamento e de serviços voltados a atender os funcionários desses escritórios (restaurantes, por exemplo) e, com a mudança do zoneamento, será mais difícil viabilizar construções. "Não fecha a conta", cita Aparecido Viana.

 

Aportes imobiliárias envolvem riscos, alerta especialista

O investimento em imóveis (corporativos ou residenciais) trata-se de aplicação em renda variável, ou seja, nem sempre se traduz em ganhos a quem aplica os recursos, assinala o consultor Mauro Calil, que tem mais de 20 anos de experiência no mercado financeiro e de ações. O fundamental para quem opta por aportar dinheiro nesse segmento é verificar a perspectiva de valorização do entorno. Dessa forma, a construção de Metrô nas proximidades facilita o acesso, o que contribuir para elevar o retorno. No entanto, Calil avalia que essa aplicação é, sobretudo, para quem tem muito capital disponível. Isso porque o ideal é diversificar. "Se a pessoa tem R$ 1 milhão e compra imóvel de R$ 300 mil, concentra 30% em um único investimento, o que é bastante", diz.

Para pequenos investidores, segundo ele, seria mais interessante aplicar em fundos imobiliários (que podem ser adquiridos a partir de R$ 1.000) nos quais os riscos são menores, embora com tendência de remuneração menor, aponta o consultor.




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