A região central de Santo André parou por volta das 16h30. Vias ficaram engarrafadas durante pouco mais de uma hora por conta dos vários pontos de alagamento, e a operação dos trens foi suspensa porque os trilhos estavam com poças de água. A multidão se aglomerou na frente da entrada da estação, que permaneceu de portas fechadas.

No terminal de ônibus as filas para embarque atravessavam as plataformas. Algumas desciam as escadas, chegando às catracas. Todas as linhas que passariam pela Avenida dos Estados - totalmente alagada por conta do transbordamento do Rio Tamanduateí -, tiveram a operação paralisada por intervalos de até duas horas, dependendo do destino. Os trólebus também deixaram de circular, por problemas nos veículos movidos a eletricidade e por conta dos corredores alagados.

Jéssica Calado, 20, estava na fila do ônibus para a Vila Luzita há mais de uma hora. Estudante de Nutrição da Fefisa (Faculdades Integradas de Santo André), a jovem estava preocupada porque tinha prova. "Minha amiga que mora em São Bernardo está ligando lá, porque também está com dificuldades para chegar, mas a coordenação já avisou que não vai mudar o horário da prova."

Do lado de fora da estação de trem, muitas pessoas aguardavam informações sobre a normalização da operação dos trens. Nos alto-falantes das plataformas, aviso de que os trens estavam fora de operação em ambos sentidos, "por causa das fortes chuvas" era veiculado frequentemente, mas não havia previsaõ de regularização. A estudante Thaís dos Santos, 18, já havia se conformado de que iria perder aula na faculdade. "Mesmo que o trem volte a funcionar agora, só dá tempo de pegar a segunda aula." O primeiro vagão que prestou serviço depois da estação ser interditada chegou à plataforma às 18h40.

Os carteiros Cícero Cunha e Severino Mariano saíram às 16h do prédio dos Correios, na Travessa Santo Amaro, para coletar malotes na região central. Antes de chegarem ao primeiro cliente, o carro amarelo da empresa parou, na Avenida Queirós dos Santos. E ali permaneceu por mais de uma hora e 30 minutos. "É água, e muita", disse, referindo-se aos pontos de alagamento que começavam na esquina com a Oliveira Lima e iam mais cerca de duas quadras. O trânsito voltou a andar por ali pouco antes das 18h.

Previsão é de chuva moderada para hoje

O meteorologista da Climatempo, Marcelo Pinheiro, avaliou que o volume das chuvas da tarde de ontem já poderia ser considerado dentro do padrão de verão, mas que não foge da normalidade. Ele explicou que a combinação do ar quente e úmido vindo do interior de São Paulo, comum nesta época do ano, com a frente fria que está no Litoral, resulta em fortes pancadas de chuva.

Para hoje, o meteorologista espera um dia um pouco mais frio – com máxima de 25ºC – e com probabilidade de chuvas moderadas.

O último verão foi muito úmido no Grande ABC – choveu em todos os dias do mês de janeiro. Pinheiro contabilizou 501 mm, o que significa mais que o dobro da média para o mês, que é de 248 mm. Fevereiro também teve chuvas acima da média: foram 293 mm, frente à média de 274 mm.

“A expectativa para este verão é que é que seja dentro das características normais, ou seja, chuvoso, mas não tanto quanto no ano passado.” Pinheiro explicou que o verão passado estava sob influência do El Niño, fenômeno meteorológico de aquecimento das águas do Oceano Pacífico.

“Neste ano, estamos sob efeito da La Niña, que é justamente o contrário”, explicou Pinheiro. “Mas é bom frisar que a forte chuva de hoje (ontem) não tem a ver com a La Niña e sim com a junção

da frente fria e o ar quente e úmido do Interior”, explicou o especialista.

da frente fria e o ar quente e úmido do Interior”, explicou o especialista.