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Projeto ensina a fazer música a partir do lixo

Alunos de S.Bernardo vão construir instrumentos com recicláveis

Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
18/04/2013 | 07:00
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Grupo de cerca de 350 crianças de dez escolas da rede municipal de São Bernardo participará de programa que envolve música e reciclagem. O Reciclar é Show, idealizado e patrocinado pela iniciativa privada, dará oportunidade de os pequenos aprenderem a confeccionar instrumentos musicais a partir de materiais reaproveitados do lixo e a produzir som com suas criações.

O projeto, anunciado ontem, envolverá 100 escolas espalhadas por dez cidades brasileiras. Ao todo, 50 mil crianças estarão envolvidas nas oficinas idealizadas pelo músico, luthier, artista plástico e educador Fernando Sardo. Morador de Santo André, ele é famoso por construir instrumentos musicais usando matérias-primas de fácil acesso, como latas, cano, madeira, papel, cabaças e bexigas. "É uma forma simples de democratizar a música em um País onde é tão caro comprar instrumentos musicais", exemplifica.

Os grupos de crianças receberão entre maio e agosto oficinas de músicas com arte-educadores selecionados pelo projeto e treinados por Sardo. Cada escola encaminhará vídeo com o trabalho feito para comissão formada por pessoas envolvidas no projeto e serão eleitas cinco escolas para receber prêmio de R$ 15 mil. "O valor poderá ser utilizado na criação de escola de música ou desenvolvimento de projetos musicais nas escolas", exemplifica o gerente da empresa patrocinadora Tang no Brasil, Théo Vieira.

Após passar por votação popular na internet, a escola vencedora participará de concerto regido pelo maestro João Carlos Martins no Auditório do Ibirapuera, em outubro. A mais bem votada receberá ainda projeto de formação musical do maestro durante um ano.

As escolas foram escolhidas em parceria entre o projeto Evoluir e as secretarias de Educação das cidades. Participarão, alem de São Bernardo, Piracicaba (São Paulo), Betim (Minas Gerais), Chapecó (Santa Catarina), Porto Alegre (Rio Grande do Sul), Recife e Vitória de Santo Antão (Pernambuco), Salvador e Feira de Santana (Bahia) e Fortaleza (Ceará).

EMOÇÃO

Foi ao som da canção Ave Maria que o maestro João Carlos Martins, reconhecido internacionalmente pelo talento como pianista e história de vida devido a problema motor, provou que instrumento musical construído a partir de material reciclado não deixa a desejar em relação aos convencionais. Ao lado músico da orquestra bachiana do Sesi-SP Renato Yokota, que usou violino feito de lata e madeira, o maestro emocionou a pequena plateia, que aplaudiu de pé.

Para Martins, este é um momento histórico para o Brasil, além de oportunidade de todos, inclusive ele, se reciclarem. "Quando você consegue incluir crianças no mundo da música e englobar a sustentabilidade está unindo dois benefícios. Imagine a oportunidade de transformar a vida das pessoas que podem estar desviadas", comenta.

Para educadores, formação cidadã é principal benefício

Além da premiação e diversão proporcionadas pelo projeto, para educadores a união do aprendizado musical a noções de sustentabilidade e, com isso, a formação cidadã, são os principais benefícios da ação. Outra expectativa é que a proposta proporcione mudança social nas comunidades.

Em São Bernardo, por exemplo, as escolas escolhidas são de bairros carentes. São as Emebs Professora Kazue Fuzinaka, Professor Cassiano Faria, Ítalo Damiani, Professora Neusa Macellaro Callado Moraes, Mário Martins de Almeida, Júlio de Grammont, Karolina Zofia Lewandowska, Professor Otílio de Oliveira, Flamínio Araujo de Castro Rangel, Estudante e Professor André Ferreira.

A estimativa é que toda a comunidade escolar seja envolvida. São alunos, professores, pais, vizinhos e familiares daqueles que receberão a formação. "Além das classes que participarão das oficinas, todas as escolas terão trabalho intensificado a respeito do descarte consciente do lixo, principalmente o reciclável", diz a chefe de divisão de incremento ao ensino de São Bernardo, Elaine Lindolfo.

Conforme explica a arte-educadora especializada em musicalização infantil e integrante do Núcleo Barbatuques, Flávia Maia, não se trata necessariamente de formar músicos, mas de abrir caminhos para outras formas de conhecimento, como as artes. "Através da música podemos aprender outras matérias, além de melhorar a expressão corporal das crianças."

EMBALAGENS

Em paralelo ao projeto de criação musical, haverá recolhimento de embalagens laminadas de refresco em pó, barras de cereal, sopas, entre outros, para serem recicladas. Estes materiais serão transformados em resinas plásticas e em 40 mil flautas por empresa parceira do projeto. Não haverá, entretanto, gincana para arrecadação das embalagens. Segundo Elaine, o intuito e evitar o aumento do consumo de materiais recicláveis.




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