Economia Titulo Impostômetro
Contribuinte paga R$ 800 bi em tributos
Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
29/08/2010 | 07:51
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Amanhã o contribuinte brasileiro alcançará a marca de R$ 800 bilhões pagos em impostos somente neste ano. O montante será atingido 39 dias antes do que em 2009, que naquele ano chegou no dia 8 de outubro. Em relação a 2008, a diferença é de 38 dias.

Isso é o que aponta o Impostômetro, painel digital instalado no centro de São Paulo, na sede da ACSP (Associação Comercial de São Paulo). Sendo assim, o Brasil segue pagando média de R$ 100 bilhões por mês somente em tributos.

O Grande ABC já recolheu R$ 1,049 bilhão, sendo São Bernardo (R$ 466,8 milhões), Santo André (R$ 208,9 milhões) e Diadema (R$ 130,9 milhões) os municípios que mais contribuíram com o valor (veja arte acima).

O montante arrecadado pelos contribuintes em todo o País é reflexo do crescimento da economia; essa é a parte positiva. Por outro lado, a sociedade sequer vê a cor desse dinheiro retornando em forma de qualquer tipo de benefício.

Na avaliação do economista da ACSP Emílio Alfieri, os dados da arrecadação mostram que os governos federal, estadual e municipal não precisam de mais recursos. "A grande questão está em como o déficit público vem crescendo em proporções maiores ainda. O governo acaba gastando mais do que recebe", aponta.

Para Alfieri, em vez de aplicar o montante em despesas correntes, como o pagamento de salários, os governos deveriam direcioná-los para investimentos, principalmente em infraestrutura, Saúde e Educação, que têm retorno para os contribuintes.

De acordo com o IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário), até o momento os números comprovam a previsão do total de impostos para 2010: R$ 1,27 trilhão. A marca vai superar o recorde do ano passado em cerca de R$ 180 bilhões.

"Está provado que não há a necessidade da criação de mais nenhum imposto, nem do aumento da alíquota de algum deles. Pelo contrário, todo tipo de investimento deveria ser desonerado para incentivar a abertura de fábricas", diz Alfieri.

Hoje, a carga tributária brasileira representa 37% do PIB (Produto Interno Bruto). Nos outros países emergentes, entretanto, como Chile, China e Índia, esse percentual beira os 20%.

Os Estados Unidos recolhem em tributos o equivalente a 30% de tudo o que é produzido em seu país. Já Alemanha, Noruega e Suécia têm carga semelhante à brasileira, mas com retornos bastante distintos; são lugares onde o Estado é como uma mãe para seus habitantes e o contribuinte não tem de pagar para ter serviços de alta qualidade nas áreas de Saúde e Educação, além de contarem com excelente infraestrutura.

O economista da ACSP aponta que, no Brasil, as desigualdades sociais vêm caindo, pouco a pouco. "Porém, se quisermos nos igualar aos índices do México, levaremos mais seis anos, dos Estados Unidos, mais 12 anos e, do Canadá, onde quase não há diferenças de renda, 24 anos."

Calculadora do imposto mede quanto cada cidadão paga

A ACSP (Associação Comercial de São Paulo) vai disponibilizar amanhã, a partir das 10h, três calculadoras do imposto em tendas dispostas no Pátio do Colégio, próximo ao metrô São Bento, na Capital.

A ideia é calcular quanto cada contribuinte destina de seu salário para o pagamento de impostos. O cidadão que quiser participar terá de informar se é funcionário da iniciativa privada, pública, autônomo formal ou informal. Deve também relatar o valor de sua renda bruta mensal, quanto possui em patrimônio - como casa e carro -, o número de dependentes e os seus gastos mensais com supermercado, Saúde e Educação.

Com base nesses dados, a calculadora do imposto mostrará quanto da renda fica comprometida com os impostos e quantos dias por ano o cidadão trabalha só para pagar tributos.

Se for funcionário da iniciativa privada, a ferramenta também apontará quanto a empresa paga de imposto só para empregá-lo. Para garantir que o susto não seja prejudicial à saúde, três medidores de pressão e três massagistas estarão no local.




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