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Sonhos escravos da fama

'Gypsy', clássico musical da broadway, estreia amanhã no Teatro Alfa, em São Paulo, em adaptação de Cláudio Botelho

Thiago Mariano
Do Diário do Grande ABC
22/07/2010 | 07:16
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O velho ‘sonho americano' pode ter acabado, mas ainda dá pano para a manga. Gypsy, clássico musical da Broadway adaptado por Claudio Botelho e dirigido por Charles Möeller, chega amanhã ao Teatro Alfa, na Capital, provando que o direito ao estrelato é garantido até ao mais funesto dos seres.

"Duas coisas são fundamentais para o espetáculo cair no gosto do brasileiro: a vontade de saber o que acontece nos bastidores do showbizz e a outra, mais universal, a trajetória do patinho feio que se torna estrela", conta Möeller.

Mamma Rose, interpretada por Totia Meireles, sonha ver as filhas grandes atrizes do teatro de variedades. June, vivida por Renata Ricci é quem leva mais jeito. Bela e graciosa, logo ela se livra das garras da incansável mãe e corre sozinha atrás do seu sonho. Sobra a desengonçada Rose (Adriana Garambone).

O que não se esperava acontece, e os inocentes esquetes que eram moda no teatro dão lugar a grosseiros shows eróticos, transformando todas as características e possibilidades de trabalho para as atrizes da época. Mamma, amparada por Herbie (Eduardo Galvão), acompanha as mudanças e vê uma chance para a filha feia. Inacreditável é que, do dia para a noite, Rose vira Gypsy Rose Lee, uma das mais célebres strippers.

"Essa trajetória do sucesso é fascinante e principalmente a relação da mãe com as filhas. A mãe que quer viver o sonho delas, que sodomiza duas crianças para que elas tenham sucesso, fama e fortuna."

A história é verídica e baseada no livro de memórias de Gypsy. "É uma peça que fala sobre o fracasso do ‘sonho americano'. Mostra que não existe o ideal de Holywood, o da família norte-americana nas casas de cerca branca. É um tapa na cara por apontar essa decadência ideológica e por focar exclusivamente nos mais excluídos deste processo", diz Möeller.

Gypsy - Musical. No Teatro Alfa - Rua Bento Branco de Andrade Filho, 722. Tel.: 5693-4000. 5ª, às 21h, 6ª, às21h30, sáb., às 20h e dom., às 17h. Ingr.: R$ 60 a R$ 140. Até 17 de outubro.

Artista do Grande ABC protagoniza
Renata Ricci, paulistana criada em São Bernardo e formada pela Fundação das Artes de São Caetano, revela que desde cedo os clássicos musicais norte-americanos lhe fascinaram. "Assistia sempre aos filmes que passavam no Corujão", revela.

Daí para a conquista de se tornar uma multiartista foi um passo. "Sempre achei intrínseca essa relação de aprender teatro, dança e canto junto".

É o terceiro musical de Charles Möeller e Claudio Botelho que ela faz. "Todo mundo diz que eles são a Globo dos musicais". O destaque veio agora, no papel da mimada June. "Na verdade, ela é muito inteligente. Consegue se desvencilhar da mãe muito cedo. O problema dela foi enquanto esteve no papel de favorita da Mamma Rose, olhando o mundo através do olhar dela".

Na televisão, Renata já participou de novelas como Páginas da Vida e Revelação. Agora, é prestigiar e acompanhar seus próximos musicais. "Estamos formando público. Hoje, os musicais não são meras adaptações, levam muito a marca criativa do brasileiro. É um segmento que crescerá cada vez mais", acredita.




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