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Quinze bairros do Grande ABC permanecem sem energia

Para a Eletropaulo, não faltam equipes na região para reparos de emergência na rede de energia elétrica

Evandro Enoshita
Renato Neves
04/02/2010 | 07:42
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Três dias após a primeira série de apagões, 15 bairros do Grande ABC ainda estavam às escuras até o início da noite de ontem. A Eletropaulo afirma que são casos pontuais e não deu previsão para o restabelecimento da energia elétrica. No fim da manhã de ontem, moradores do bairro Alves Dias, em São Bernardo, bloquearam o trânsito na Avenida Humberto de Alencar Castelo Branco em protesto contra a falta de energia.

Os temporais com vento forte, grandes causadores do problema, voltaram a castigar a região ontem. Alagamentos se repetiram e as pessoas tiveram de ter muita paciência para voltar para suas casas devido ao trânsito caótico e a demora no transporte público.

Procurado pelo Diário, o diretor da regional do Grande ABC da Eletropaulo, Sérgio Caparraz, garantiu que não falta pessoal para reparos emergenciais na rede. "Normalmente, temos 12 equipes por turno no mínimo, mas no momento esse número é cinco vezes maior", afirma Caparraz.

Para ele, a demora no atendimento de algumas ocorrências se deve a fatores como pontos de alagamento, ou árvores caídas sobre os fios. "Nesses casos, a Eletropaulo precisa esperar a atuação do Corpo de Bombeiros ou da Defesa Civil para efetuar os reparos."

O comerciante João Quirino da Silva, 25 anos, porém, não acreditou na justificativa do dirigente da Eletropaulo. Dono de uma padaria no bairro Alves Dias, em São Bernardo, ele estima ter perdido mais de R$ 50 mil em produtos. O seu estabelecimento está às escuras desde a segunda-feira. "A impressão que tenho é de que falta gente para trabalhar. Já liguei umas 30 vezes (para a empresa de energia). Só prometem prazos, mas ninguém cumpre", diz.

A opinião é compartilhada pelo diretor do Stieesp (Sindicato dos Eletricitários do Estado de São Paulo), José Lara. Segundo ele, as equipes estão tendo que fazer horas extras. "A jornada média dos trabalhadores, que deveria ser de oito horas, chega em alguns casos a 13. Falta pessoal", calcula.

SOLUÇÕES - Para especialistas, a instalação de cabos elétricos subterrâneos é uma alternativa para reduzir as chances de apagões causados pelas chuvas. "É um sistema mais seguro, que evita problemas com queda de árvores, mas que é até três vezes mais caro", destacou o professor do Departamento de Energia Elétrica do Centro Universitário FEI, Mario Kawano.

Para entidade, chuva não é justificativa

As fortes chuvas e ventos que atingem o Grande ABC, desde dezembro, não podem servir como justificativa da Eletropaulo para os três dias sem luz na região. Essa é a opinião da advogada Poliana Carlos da Silva, da Pro Teste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor).

"A concessionária (Eletropaulo) assume o risco do negócio a partir do momento que fornece energia. O serviço é essencial, não pode paralisar por tanto tempo", argumenta Poliana. A advogada aconselha o consumidor a buscar o SAC (Serviço de Atendimento ao Consumidor) da empresa. Caso o pedido não tenha efeito, a via judicial é o próximo passo. "É importante apresentar provas concretas como e-mails, cartas e fotos", diz.

Estabelecer um prazo de resposta para a concessionária também é recomendado na hora de fazer a reclamação. A professora de Direito do Consumidor da Universidade Metodista Alessandra Zamboni orienta os clientes a estipularem um limite de 72 horas. "Se o prazo expirar, procure o Poder Judiciário", afirma. Ela acrescenta que o desconforto gerado pela falta de energia também será incluído no pedido de indenização.




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