Com irregularidades apontadas pelos tribunais de contas do Estado e da União, as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e do Rodoanel foram alvo de vistorias de parlamentares ontem, servindo novamente de palco para o embate político entre PT e PSDB.

Após liderar grupo de 11 deputados do PT, PRB, PDT, PCdoB e Psol ao trecho da Rodovia Régis Bittencourt, onde caíram quatro vigas do Rodoanel Mário Covas, o deputado estadual petista Ênio Tatto apontou que "falhas graves de engenharia e de material empregado" foram verificadas. "Aumentou nossa preocupação com o restante da obra", reforçou.

Depois do incidente, a oposição retomou a ideia de ressuscitar a CPI do Metrô, agora ampliada para o Rodoanel, arquivada em março por falta de adesões. Tatto espera conseguir as assinaturas para protocolar o pedido de abertura da comissão.

A CPI pode ter pouca chance de ser instalada diante da maioria do governo na Casa, mas, segundo Tatto, a intenção é levar a discussão dos problemas do Rodoanel para o Legislativo, algo que o governo tenta evitar.

Tatto condenou a falta de explicações oficiais, especialmente do governador José Serra, que segundo ele, desde o acidente não divulga os eventos de que participa e não dá declarações sobre o assunto. "A prática de sumir é antiga no governo, que faz de conta não ter nada a ver com o caso. O governador deu entrevista no dia do desabamento das vigas e depois desapareceu, tentou matar o assunto. Aconteceu isso no caso do buraco do Metrô. Mas não deixaremos o assunto morrer."

Tucanos - Enquanto isso, em Araucária (PR), grupo de parlamentares da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara, liderado pelo PSDB, fiscalizava obra da Repar (Refinaria Presidente Getúlio Vargas) da Petrobras, considerada superfaturada pelo TCU (Tribunal de Contas da União), segundo o deputado Duarte Nogueira, vice-líder do PSDB na Câmara.

Hoje, o grupo estará em Cumbica, Guarulhos, nas obras de ampliação do Aeroporto Internacional de São Paulo. A Comissão de Fiscalização já vistoriou obras do PAC em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraná e São Paulo.

As informações serão reunidas em relatório a ser apresentado à Câmara dos Deputados e, eventualmente, ao Ministério Público. "Há atraso geral nas obras, problemas com desapropriações, licenças ambientais, muitos questionamentos sobre preços", enumerou Nogueira.

Questionado sobre se há similaridades nas irregularidades encontradas pelos tribunais nas obras do Rodoanel, Nogueira negou. "O TCU recomendou a paralisação de 41 obras do PAC por irregularidades, o que não ocorreu com o Rodoanel. O que houve (nas obras do governo paulista) foi acidente."