Cultura & Lazer Titulo 'De Passagem'
Nuances da
música brasileira

Oswaldo Montenegro lança disco com canções inéditas
que abarca blues, xaxado e baião, entre outros gêneros

Sara Saar
Do Diário do Grande ABC
13/12/2011 | 07:00
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Sem a intenção de estar na posição confortável que uma longa carreira de vários sucessos poderia lhe proporcionar, Oswaldo Montenegro deseja mesmo jogar no ataque com a torcida aplaudindo - e vaiando caso perca algum gol. Entre os principais representantes da música brasileira desde os anos 1980, o instrumentista mostra grande capacidade de se reinventar enquanto passeia por diferentes sonoridades no álbum de canções inéditas "De Passagem" (Ape Music, R$ 24 em média), que abarca blues, xaxado e baião, entre outros gêneros. 

A música é a impressão digital de Oswaldo, que exerce a liberdade como premissa básica não somente no álbum recém-lançado, mas na extensa discografia que já soma 41 obras. Como se fosse luxo, embora há quem defenda a ideia de que realmente seja, o músico carioca apresenta ao público o que exatamente deseja dizer nesse momento, da maneira que tem vontade de tocar. No disco, que já traz no título a noção de passagem do tempo e das ideias, ele fala sobre diversos assuntos enquanto se reveza entre violão, piano, teclados e percussão.

PROCESSO DE CRIAÇÃO - Durante nove meses, Oswaldo Montenegro vivenciou processo de criação emocionante, conforme descreve as etapas: "Foi muito 'sem pensar' na hora de compor, muito criterioso na hora de escolher qual canção entraria para o disco, e muito divertido na hora de gravar". Das 15 músicas que escreveu para o novo álbum, seis ficaram de fora depois de conversa com a sua parceira de longa data, a flautista Madalena Salles.

Segundo o artista, o senso crítico tende a aparecer após o início febril de uma inspiração. "Nesse ponto, a conversa com uma amiga de tanto tempo é fundamental. Além de grande amiga, Madalena conhece profundamente o que eu espero de um disco", diz o músico, que define essa parceria como uma bênção.

Ao todo, o álbum traz 12 composições. Figura entre as nove músicas autorais o sucesso "Eu Quero Ser Feliz Agora", tema de concurso que destinará R$ 15 mil em prêmios ao melhor clipe, segundo júri oficial, e R$ 15 mil em prêmios ao vídeo que tiver o maior número de acessos no YouTube.

Em diferentes momentos, como na animada faixa de abertura "Não Importa Por Quê", Oswaldo faz referência aos hippies. Questionado se gostaria de ter feito parte do movimento, responde que sim e não. "Tenho carinho por essa geração que foi a última a sonhar coletivamente. De lá para cá, se tornou ingênuo e quase piegas se falar no sonho coletivo. Talvez a preservação do planeta seja o único tema capaz de reunir um pensamento coletivo novamente", acredita.

Outro destaque do trabalho é a reflexiva "Velhos Amigos", homenagem ao pai que se estende a outras pessoas, conforme sugere o título. "O velho amigo é aquele com quem você se senta no botequim e não se preocupa se não tiver assunto para tratar com ele", define Oswaldo que, durante as apresentações, costuma 'costurar' as músicas do repertório com histórias engraçadas e curiosas que ocorreram nos bastidores da produção.

Exemplo é a romântica "A Vida Quis Assim", escrita pelo amigo Mongol. Quando a escutou pela primeira vez, Oswaldo teve a estranha sensação de que a música era de sua autoria e, até hoje quando a canta, é inevitável que forte emoção venha à tona. "Jogava bola com Mongol aos 8 anos de idade, no Grajaú. A comunicação é de outra frequência", afirma.

Contagiante é "Palma", canção de Ulysses Machado, pela qual Oswaldo sente grande admiração. "É uma letra inteligente, com um encaixe preciso da melodia. Exemplo típico da canção popular: música e verso inseparáveis", comenta o músico veterano.

Desde que iniciou a turnê, no fim do mês passado, o disco "De Passagem" tem sido muito bem aceito. "Esse CD tem uma recepção da crítica e do público acima de qualquer outro. A gente nunca sabe por que, mas fica feliz", comemora Oswaldo Montenegro.




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