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'Será que eles não têm filhos?', diz mãe
Sérgio Vieira
Do Diário do Grande ABC
22/08/2009 | 08:31
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Até receber a notícia da humilhação sofrida pelos três menores de Mauá, a vida da diarista Francisca - que pediu que o sobrenome não fosse revelado - era tranquila e sem sustos. Desde então, diz que não deixa mais a porta de casa aberta e que não consegue andar sem olhar para trás. "Estou com muito medo de eles voltarem. Meu filho poderia ter morrido. Não consigo ficar calma."

Consciente de que o filho cometeu um erro, ela se revolta quando lembra da atitude tomada pelos vigilantes. "Sempre fui contra pichação e cobrei mais responsabilidade de meu filho. Mas não dá para admitir uma agressão desse tamanho. Estou chocada até agora."

A diarista afirma que passou a madrugada de domingo esperando notícia do marido, José, que acompanhava o filho no Instituto Médico-Legal para realização do exame de corpo de delito. "Chorei muito. Só consegui me acalmar depois que vi meu filho". O que mais incomoda Francisca é o fato de alguém estranho dar uma lição dessa intensidade no rapaz. "A gente tenta dar o exemplo e mostrar o que pode e o que não pode. Mas vamos ser honestos: quem nunca cometeu um erro quando era adolescente?", fala, com sinceridade e os olhos cheios de lágrimas.

"A minha questão em relação a esses vigilantes é: será que eles não têm filhos? Permitiriam que alguém fizesse isso com eles? Por mais que os meninos tenham errado, um erro não justifica o outro", aponta, com clareza, a diarista.

O pai conta que o susto foi enorme quando chegou à estação Brás, após ser chamado pelos vigilantes e viu o filho manchado de spray. "Primeiro dei uma bronca nele e depois fiquei revoltado. Não é possível que isso aconteça nos dias de hoje. Não é porque somos pobres e moramos na periferia de Mauá que merecemos ser tratados deste jeito", argumenta o comerciário José. "Agora meu filho vive ligando para casa para tranquilizar a gente. O susto foi muito grande."




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