Setecidades Titulo Habitação
Manifestação no Jardim
Santo André reúne 200

Os moradores de imóveis desapropriados cobram da CDHU
a revisão da lista de inclusão de famílias no auxílio-moradia

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
27/03/2013 | 07:00
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Cerca de 200 moradores do Jardim Santo André se reuniram na tarde de ontem para protestar contra as reintegrações de posse no bairro, na periferia de Santo André. A primeira etapa de desapropriações ocorreu no dia 12, quando 86 famílias foram removidas. As próximas operações devem ocorrer nos dias 2 e 7 - totalizando outros 224 imóveis.

Entre as principais reivindicações, os manifestantes cobram da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), proprietária da área, a revisão da lista de beneficiários do auxílio-moradia. O programa consiste no pagamento mensal de R$ 380 para que as famílias aluguem outro imóvel até conseguir habitação definitiva.

A dona de casa Inaara Stefani Nunes, 19 anos, é uma das que ficarão sem a verba. Ela morava há cinco meses em um barraco que foi demolido no dia 12, mas diz viver no Jardim Santo André desde pequena. "Estou ficando de favor na casa da minha sogra com meus dois filhos e meu marido. São cinco adultos e duas crianças dormindo no mesmo cômodo."

A desempregada Eliene Mendes Pinto, 35, afirma ter recebido da companhia, em 2008, carta de crédito no valor de R$ 68 mil, que deveria ser usada na compra de imóvel fora da área de risco. "Não consigo arrumar casa neste valor. Já procuramos em Santo André, Cidade Tiradentes e Francisco Morato, e nada. Gostaríamos que, ao invés desta carta, fôssemos contemplados com um apartamento em um dos conjuntos que serão construidos."

A CDHU informa que "a maioria das famílias não incluídas no auxílio-moradia se instalou, após 2010, em locais de risco que já tinham sido desocupados pela companhia." Não foram informadas quantas pessoas foram cadastradas no programa.

O presidente da Cufa ABC (Central Única das Favelas), Evandir Francisco dos Santos, contesta a alegação do Estado. "Se a área pertence à CDHU, caberia a eles a fiscalização e vigilância para evitar novas invasões. A empresa é conivente com isso", critica.

Os manifestantes cobraram também a criação de áreas comerciais nas proximidades das novas unidades habitacionais. Isso porque, na frente de diversas casas instaladas na área invadida, funcionam comércios que servem como fonte de renda para os moradores. "Tenho um bar na garagem, que me garante cerca de R$ 1.000 por mês. Não tenho aposentadoria, então, não sei como vou me virar depois que acabarem com isso", lamenta o comerciante Feliciano Pereira de Souza, 62. A CDHU não informou se irá atender a essa exigência, já que os comércios funcionam de forma irregular.

URBANIZAÇÃO
A companhia diz que o projeto de urbanização do Jardim Santo André prevê o atendimento a 9.100 famílias. Segundo a empresa, 592 moradias estão em construção e outras 135 deverão ter obras iniciadas ainda neste ano.

 

Reintegração de posse na Capital termina em pancadaria

A Polícia Militar cumpriu na manhã de ontem mandado de reintegração de posse de terreno de 130 mil metros quadrados na Avenida Bento Guelfi, no Jardim Iguatemi, Zona Leste da Capital. Soldados da Tropa de Choque usaram bombas de efeito moral e spray de pimenta para dispersar os manifestantes e finalizaram a ocupação por volta das 11h30. Foi utilizado um helicóptero de apoio. A estimativa é que entre 1.200 e 1.700 pessoas habitavam o local irregularmente em cerca de 600 casas de alvenaria.

Durante a intervenção da polícia, moradores tentaram resistir formando cordões de isolamento e jogando pedras contra os militares. Com a entrada da Tropa de Choque, por volta das 9h45, houve correria dos manifestantes, que tentavam se proteger das bombas de efeito moral e spray de pimenta. (da AE)




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