Pesquisa da Faculdade de Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo) apontou dados reveladores sobre o comportamento de adolescentes em relação ao uso da pílula do dia seguinte. A maioria dos entrevistados se mostrou favorável ao uso do método, que deve ser utilizado em situações emergenciais em até 72 horas após a relação sexual.

O levantamento, financiado pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), ouviu 300 adolescentes, de 12 a 19 anos, e 60 profissionais de UBSs (Unidades Básicas de Saúde) com jovens da Capital. Os resultados foram obtidos não com perguntas diretas, mas consultando a posição de cada um dentro de situações do dia a dia.

Os garotos demonstraram conservadorismo maior. O sentimento religioso pesou na opinião masculina de forma mais acentuada. "O homem tem uma posição mais idealizada, aquela coisa de que ‘mulher que é mulher não deveria ir ao baile'. Já a menina tem uma preocupação prática, do cotidiano da vida, até pela transformação ser no corpo dela", diz Ana Maria Lefreve, coordenadora da pesquisa.

O comprometimento com o futuro profissional e a sobrecarga que um filho traria ao meio familiar também pesariam na eventual decisão dos jovens em tomar a pílula. Somente uma minoria dos entrevistados considerou o método como abortivo, demonstrando desconhecimento.

Os profissionais de UBSs ouvidos pelos pesquisadores deixaram claro pelas respostas que ainda não conhecem profundamente o assunto, embora sejam responsáveis pela distribuição do medicamento. Muitos apresentaram respostas até mesmo contrárias à oferta da pílula, por desinformação ou decisão pessoal.