Três dias depois da enchente que atingiu o bairro Fundação, em São Caetano, e obrigou alunos da Escola Estadual Edgard Alves da Cunha a subir no telhado para escapar do alagamento, a vida de moradores da vizinhança ainda não tinha voltado ao normal.

Além do prejuízo provocado pela perda de móveis e eletrodomésticos, os moradores temem nova inundação. "Como disseram que pode chover mais e ter nova enchente, deixei tudo do jeito que estava", conta a artesã Maria Aparecida Belo Rufino, 47 anos, ao mostrar os danos causados pela água que invadiu sua residência na Rua Pedro Alexandrino, atrás da escola. Segundo ela, a água atingiu aproximadamente 1,20 metro em sua casa.

No dia da enchente. a família teve de sair do imóvel e esperar a inundação baixar. O marido de Maria Aparecida, o motorista José Rufino, 45, ajudou no resgate dos alunos que estavam no teto da escola.

"A gente teve de sair no meio da aula. Ninguém sabia o que fazer. Pegaram uma escada e mandaram subir no telhado", conta Gabriel Oliveira Ferraz, 11, aluno da 5ª série.

"Fiquei com muito medo", lembra Tamires Albuquerque, 11, aluna da 5ª série e moradora também das imediações da escola. Tamires conta que muitas crianças começaram a chorar e algumas mães ficaram desesperadas porque não conseguiam chegar até os filhos.

Entre essas mães estava a da aluna, a técnica em enfermagem Maria Edna de Albuquerque, 32 anos. "O celular não pegava, o marido estava preso no trânsito, um filho ilhado na casa de um colega e a filha no telhado", lembra Maria Edna, que teve de faltar ao trabalho ontem para tentar colocar em ordem a casa. Entre as perdas, a família contabiliza TV, videogame e sofá.